As vezes as coisas que você não percebe  fazem um filme ser um sucesso ou não, e uma das técnicas mais sutis é a mudança do aspect ratio (também conhecido com ecrã).

Basicamente, o ecrã nada mais é do que o formato da tela e  pode ser descrito como a relação entre o comprimento e a altura da imagem, representado por um proporção como 4:3 ou um decimal como 1.33 (ou ainda 1.33: 1).

Como cada um deles foi criado com uma finalidade e em uma época diferente, eles nos remetem a diferentes situações, mesmo que subconscientemente. Por exemplo, documentários tem que ser filmados em 16×9 se não o espectador não sentira que esta assistindo um documentário, cenas no espaço e grandes lutas geralmente são filmadas em IMax para que o púbico se sinta inserido na tela. Alguns diretores também decidem mudar o formato ao longo do filme, como em O Grande Hotel Budapeste, onde Wes Anderson usa o ecrã 4:3 para contar cenas dos anos 30, já que esse formato nos remete ao inicio do século passado. Já em 500 Days of Summer usa o formato Polaroid 1:1, que representa a visão ultrapassada e idealizada que o protagonista tem sobre o amor, mas quando ele percebe que suas expectativas não são como a realidade o filme passa para a proporção IMax.

O vídeo abaixo ilustra a importância da técnica no cinema atual.

Mas por que temos diferentes formatos?

No começo dos anos 1900, William Kennedy Dickson trabalhava no laboratório de Thomas Edison aperfeiçoando um instrumento de reprodução de imagens em movimentos que ficaria conhecido como cinetoscópio (ou quinetoscópio), que usava filme Kodak de 35mm e projetava filmes em formato 1.33 se tornando o padrão para a época até a inclusão da faixa de audio no filme, que alterou a proporção para 1.37, e assim ficou conhecida como Academy Ratio, continuando como o único formato até os anos 50.

Os anos dourados trouxeram a popularidade da televisão e assim a diminuição dos públicos do cinema. Para que as pessoas voltassem as salas, a experiência de assistir algo no cinema teria que ser algo diferente da experiência caseira e assim surgiu o widescreen.

Em 30 de setembro de 1952 nasce o Cinerama, uma técnica que usa 3 câmeras de 35mm com lentes de 27mm, com 147º de campo de visão ou um formato de 2.59, porém os primeiro filmes dramáticos feitos com a técnica, The Wonderful World of The Brothers Grimm e How The West Was Won, foram lançados apenas em 1962 e eram extremamente caros para produzir e exibir. Já no anos seguinte, o primeiro widescreen plano foi feito pela Paramount; “Shane” originalmente foi gravado como ecrã tradicional e teve a parte de cima e de baixo foram cortadas até chegarem no formato 1.66, o que não era o ideal já que a qualidade era severamente reduzida.

A FOX não ficou para traz. Um ano depois da invenção do Cinerama, a produtora lançou “The Robe”, filmado com a técnica CinemaScope que consistia em uma câmera que usava lentes anamórficas 2:1 em filme tradicional, fazendo com que a imagem ficasse”exprimida” e fosse ajustada durante a reprodução, apesar de não resolver o problema de qualidade na imagem, o baixo custo fez com que todos os estúdios mudassem para esse formato. Todos menos um.

A Paramount não assimilou a técnica da concorrente, mas sim inventou sua própria. VistaVision usava o filme tradicional na horizontal, trazendo a proporção 1.85. A tecnologia ficou famosa por ter sido usada em vários longas de Hitchcock, como To Catch a Thief, Vertigo e North by Northwest.

No final dos anos 80, com os planos para televisão HD, o engenheiro Kern H Powers sugeriu o formato 16×9 como um junção da proporção IMax (2.35) e  Academy, criando um dos ecrãs mais populares até hoje.

ratio

A menina que não sabe o que escrever.