#tárolando por Julio Jovanolli

Recentemente uma galera inconformada se apoderou das técnicas ocultas da necromancia para trazer de volta do submundo dos assuntos deságradaveis um velho amigo dos publicitários, o PL 5921/2001. Para quem não sabe, este é um projeto de lei apresentado pela primeira vez no plenário lá no final de 2001, ele propõe, basicamente, proibir todo e qualquer tipo de publicidade para produtos infantis.
Antes de acharem que entraremos naquele espectro (?) super legal e nunca antes explorado sobre como a propaganda pode ser manipuladora, influenciadora ou se ela cria ou não necessidades gostaria que vocês voltassem a atenção para a parte funcional da questão. Antes de manipular, influenciar, criar necessidades, matar familias necessitadas e filhotes de animais a publicidade tem a importante função de comunicar algo. Você que está cursando comunicação social deve saber muito bem disso. É então que eu gostaria de discutir a seguinte questão: proibindo todo e qualquer tipo de publicidade de produtos infantis, como vou saber o que eu quero no Dia das Crianças?
Eu mesmo ressuscitei ano passado um hobby de infância comprando um Tamagotchi da LongJump aos 19 anos (não sou doente) por causa do comercial na televisão. Tenho certeza de que a propaganda não me manipulou, mas nunca imaginaria que seria em 2011, depois de tantos anos ,que resolveriam finalmente lançar a marca Tamagotchi oficialmente no Brasil (sim, essa foi a primeira vez). Se não fosse pelo comercial eu provavelmente não compraria, era um desejo muito latente, mas logo que soube comprei sem hesitar. Confira pessoalmente as .jpegs mal renderizadas e a narradora da mônica na propaganda do Tamagotchi e perceba mais esse ponto importante da minha dúvida: mesmo uma criança, quem é que ficaria seduzido com um comercial desses? Não estou desmerecendo a direção de arte e muito menos a produção dos comerciais infantis brasileiros, mas mesmo antes (lá nos anos 80) eles me pareciam bem mais criativos (e sedutores?) do que grande parte dos comerciais atuais, com seus jingles que se tornaram parte da cultura brasileira e suas bonecas vivas que comem olhos humanos no café da manhã:



Se compararmos com algumas propagandas estrangeiras (lembrando que muita propaganda de brinquedo brasileira é na verdade propaganda estrangeira ruim dublada), de países em que nem se cogita proibir a publicidade infantil, chega ser até vergonhoso. Muito mais amor, muito mais glitter, coreografia, só falta ser em 3D :



Hoje na era do Club Penguin e dos gifs psicodélicos do Tumblr, as crianças não se deixam levar por pouco. E por “pouco” entendam aquele Max Steel sendo jogado de um lado para o outro numa maquete de isopor.
E diferente de outros produtos que tiveram seus canais publicitários limitados, como o cigarro por exemplo, não creio que existam produtos infantís nocivos (não tem Marlboro Kids ainda, né) sendo comunicados aqui no Brasil. Cigarro é algo nocivo, faz mal, mata e deixa seus dentinhos amarelinhos, mas nada contra quem fuma: tenho amigos fumantes e acho que a decisão vai de cada um, mas por ele trazer as consequências que traz, é fácil pelo menos compreender por que tais medidas foram tomadas contra a comunicação dele. E além do mais, quem fuma sabe onde comprar cigarro, sabe a marca que gosta e por mais que tentem é muito difícil inovar um cigarro; relembrando aquela tentativa de lançar cigarro mentolado com “botãozinho”: depois de ser moda por uns meses levaram uma bronca da Anvisa e tiveram que modificar a fórmula daquela e outras delicias saborosas. Quando a história é comprar brinquedo, fidelidade de marca e inovação funcionam de um jeito muito diferente, além do mais, como eu já disse é muito dificil o reloginho do Ben10 te dar um enfisema, então realmente não há um motivo consistente para proibir publicidade para crianças. Produtos infantis não fazem mal a ninguém.
Além de tudo isso, proibir a comunicação de qualquer produto implica, sempre, em diminuir suas vendas. Outro nome para perder dinheiro. E quando brincamos com a circulação do dinheiro, nós brincamos com o pessoal da Comissão de Desenvolvimento Econômico, que por sua vez já reprovou o novo requerimento do PL 5921/2001 deste ano, nossa. De qualquer modo, foi aprovado hoje o requerimento para que o debate do projeto de lei seja público, quem estiver em Brasília  no dia 3 está mais do que convidado para dar uma passada lá (?).

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Estou cursando a optativa de criação e gosto muito de internet.