Desde Walter Benjamin já se fala sobre arte que pode ser reproduzida indefinidamente, com cópias de qualquer quadro, execução musical ou até escultura disponíveis para quase qualquer um em qualquer lugar do mundo.

Desde a invenção do gramofone, passando pela  invenção do .mp3 até o melhoramento da transmissão de dados via internet, nenhuma outra forma de arte teve sua apreciação e mesmo a própria relação com o público tão afetada quanto a música nesse último século que se completou.

A música, antes transportada apenas pelos intérpretes viajando de cidade em cidade ou por partituras, lidas por poucos e entendidas e executadas por menos ainda, agora é ouvida, exatamente igual por milhões e milhões de pessoas em qualquer lugar, a qualquer hora.

Pensando em subverter essa norma já tão estabelecida, o grupo americano de rap e aficcionado por kung fu, Wu Tang Clan decidiu lançar um álbum único, gravado em segredo nos últimos anos.

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Único em todos os sentidos: envolto em uma bela caixa de metal trabalhada no estilo do grupo marroquino Yahya, será produzida apenas uma cópia. Isso mesmo, nada mais do que uma única cópia.

Tal qual as obras-primas dos grandes mestres da pintura, o album The Wu – Once Upon a Time in Shaolin será vendida a preços multi-milionários. Mas antes sera levada a galerias e museus ao redor do mundo para uma audição, com fones de ouvido e pesada vigilância contra qualquer método de gravação possível.

A ideia é radicalmente contra tudo que aconteceu na música até então, vai contra, inclusive, o antigo e debatido jargão de muitos artistas de que artista que é artista não se importa com as vendas e sim em agradar seus fãs e serem ouvidos.

Só como curiosidade, fica a última empreitada dos caras no cinema:, o incrível Homem dos Punhos de Ferro (o ator principal é ninguém menos que RZA, um dos cabeças do Wu Tang Clan):

Minha barba. Minha vida.