Continuando o clima de cinema e política, segue mais uma dica sensacional de filme:
O filme está na íntegra no youtube e dispensa meus comentários.
Fica aqui um texto escrito pelo próprio diretor.
Bjs
“Algumas explicações sobre meu documentário ‘Você também pode dar um presunto legal’.
Filmado clandestinamente entre 1970/71, foi uma reflexão minha — na época — de que o tristemente famoso “esquadrão da morte”, chefiado pelo delegado Sergio Paranhos Fleury, serviu de ensaio geral para a violenta repressão política que veio a seguir, com tortura indiscriminada e assassinatos. Conta inclusive com documento filmado único, no qual o delegado Fleury é condecorado pela Marinha brasileira pelos serviços prestados.
Utilizei também fragmentos de duas peças de teatro que estavam em cartaz em São Paulo naqueles anos: ‘A resistível ascensão de Arturo Ui’, de Bertold Brecht, e ‘O interrogatório’, de Peter Weis.
Um texto que introduzi no inicio do documentário explica as razões pelas quais esse documentário ficou inédito até 2007.
Tive a ousadia de reeditar o documentário a partir do único material que eu tinha disponível: uma fita VHS. Quero assinalar que tentei ao máximo manter a edição original, inclusive com seus inúmeros defeitos (imagens que perderam 20% de sua área ao serem transferidas para vídeo, trucagens não feitas, finalização feita à distância e por carta, entre outros), o que também está informado no letreiro inicial. Só alterei o que efetivamente não dava leitura ou estava muito deteriorado.
Comecei fazendo uma distribuição ‘low profile’, enviando mais de 500 cópias para amigas/amigos, companheiras/companheiros que o viram e/ou exibiram para outras pessoas. A razão dessa forma de distribuição é que temo ter problemas com direitos autorais com as músicas e com as peças de teatro, ainda que só faça projeções gratuitas. Além do mais, nos estojos em que envio o DVD, coloco um texto que diz que o documentário pode ser exibido e/ou copiado livremente, desde que gratuitamente. O que faz com que, até hoje, eu receba notícias de quartas ou quintas gerações de cópias feitas à partir de algum DVD enviado por mim.
Se tivesse sido exibido em sua época, teria a função de denunciar o clima de terror e de torturas de então. Na atualidade, serve para informar às atuais gerações que houve tortura no Brasil.
E, pouco a pouco, o documentário tem ganho vida e asas próprias, voando por caminhos que — felizmente — não mais controlo.
A primeira projeção efetivamente pública foi em março de 2007, num cineclube (que não mais existe) na rua Maria Antonia, em São Paulo; no ano anterior, foi apresentado na Escola de Sociologia e Política de São Paulo, na PUC/SP e PUC/RJ, na Unesp/Araraquara, numa universidade em Ribeirão Preto e na Escola Florestan Fernandes do MST. Foi tema de um GT no Congresso Brasileiro de Sociologia realizado em Recife (2007); participou da Bienal de Valencia (Espanha), em 2007, e da programação em cinco cidades do Chile por ocasião da Trienal do Chile, em 2009. Viajou também pelo circuito de cineclubes do Norte/Nordeste e pela Argentina e Venezuela; e foi tema do seminário ‘Activar una Historia’, no Instituto Cervantes (Brasília, 2009), dirigido pela especialista espanhola Mónica Carballas.
Hoje em dia está no site Memórias Reveladas (do Ministério da Justiça) e no Youtube.
Solicito a quem o veja que — posteriormente e caso seja possível — me envie uma opinião, mesmo que negativa.
Hasta mañana, siempre (espero yo)!!!
Sergio Muniz
e-mail: [email protected]
Rose Figueiredo (PhD)
Jornalista; Diretora de Imagem e Som e professora na ESPM.
Adoro uma câmera!
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