Até há pouco tempo, falar em aquecimento global era tema ligado a algo que só aconteceria num futuro muito distante. De repente nos deparamos com essa situação que está mais perto do que imaginávamos e junto com esse choque para o modo de vida da nossa sociedade vieram algumas soluções, mesmo que imediatistas e superficiais: Uso de produtos verdes, diminuição do consumo e economia de recursos. O grande problema disso tudo é: O consumidor pode acreditar que esse novo modo de vida e produção é realmente verdadeiro e não apenas um desencargo de consciência, e traz resultados efetivos para o meio ambiente?

A comercialização de produtos ditos ecológicos caiu no gosto das empresas  e dos clientes, que como maneira de limpar o rastro ecológico, compram esses produtos sem dar conta de que podem não ser de fato verdes. Seria ótimo continuar a consumir as mesmas coisas que antes, mas sem o peso na consciência de estar contribuindo para a destruição do planeta.

Detergente Biodegradável: Got green?

Detergente Biodegradável: Got green?

Esse tipo de ação é chamado greenwash. O termo greenwash surgiu da junção de dois termos: Green, de verde, ecológico e wash, de whitewash, que é um tipo de tinta branca usada para pintar fachadas de casas. A expressão é usada por ambientalistas para denominar empresas que passam a impressão para o consumidor de ser uma empresa sustentável, enquanto continua com os métodos antigos e danosos de produção e distribuição.

O consumidor fica atado ao que percebe na propaganda e não tem métodos para comprovar a eficácia verde dos produtos e acaba comprando, também como uma maneira de desviar para o consumismo qualquer falta de atitude própria no dia a dia. O consumismo acaba sendo a válvula de escape para o problema que o próprio consumismo causou.

Já se encontram em vários supermercados e drogarias aquelas sacolas feitas de pano ou de um material resistente para que o consumidor, quando retornar para novas compras, leve e não utilize uma das 500 bilhões de sacolas plásticas produzidas por ano no mundo inteiro e que demoram centenas de anos para se decompor. Ao mesmo tempo em que o supermercado economiza com a compra de sacolas plásticas, ganha com a venda das retornáveis e cria uma imagem de eco-friendly para o público.

            O setor automobilístico também começa a mostrar interesse nesse mercado que está crescendo cada vez mais e têm investido em novas formas de energia. Há algum tempo montadoras como Honda, Toyota e GM vêm falando em lançar carros que usam outro tipo de combustível que não os fósseis, os chamados carros híbridos.

 

 

           Resta saber se todas essas iniciativas têm realmente um fundo ideológico ou se a razão de toda essa movimentação no mercado de pesquisas de novas tecnologias e mudanças em toda a cadeia de um produto são feitas para enganar o consumidor a achar que está comprando um produto sustentável enquanto o fabricante continua sendo a mesma antes da onda ecológica que dominou o mercado.

            De nada adianta também utilizar materiais verdes para a fabricação de produtos se durante a cadeia de produção foram utilizados métodos que utilizam energia não renovável, transporte feito por automóveis poluentes, extração de minérios e mão de obra barata.

            Assim como empresas, com o intuito de continuar a maneira antiga de produção, os governos propõem a venda de carbono que também pode ser considerada como greenwash, já que a imensa quantidade desse gás que está na atmosfera exigiria um esforço impensável de engenheiros e a venda de carbonos não passa de uma maneira de continuar com a mesma quantidade de carbono liberada na atmosfera, só que de uma maneira mais branda perante a sociedade.

            Pensar em sustentabilidade, apesar de ser algo que começa com atos cotidianos e feitos por cada um, também deve ser visto pelas grandes empresas e governos como algo a ser feito em conjunto, com o real intuito de melhorar a qualidade de vida e proteger o planeta para as próximas gerações e não como uma nova maneira de conseguir dinheiro aproveitando do estado de fragilidade que a sociedade moderna se encontra.

 

 

Christian Michelassi, 17/03/2008 às 16:54.