Quem tem o costume de seguir sites de tendência e inovação já está cansado de ver ensaios de pais e filhos com fantasias, o primeiro dia de uma criança registrado em mil fotos e retratos de famílias felizes e criativas esperando o novo membro para completar o sonho.

É claro que os “definidores de originalidade” não colocam as fotos de troca de fraldas, o berreiro na madrugada e a criança jogando a mamadeira no chão da cozinha.

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Sabendo que as redes sociais são os novos canais de mediação das relações e propondo que estas, por sua vez, são mediadas pelo consumo, pode-se relacionar tal tendência com algumas teorias apresentadas pelo sociólogo polonês Zygmunt Bauman.

A nossa sociedade sempre ditou o que devemos consumir para nos adaptarmos aos padrões por ela estabelecidos, seja em beleza, em moda ou em ideologias.

Nela, para você ser aceito e reconhecido como parte do grupo bem sucedido, precisa possuir, antes de tudo, um corpo sarado, objetos, amigos e até família que agreguem valor e façam de você uma pessoa desejável – e invejável, na melhor das hipóteses.

E para isso, o que pode ser melhor do que um produto criado por você para agregar os valores que estavam faltando? Afinal, quem não acha o máximo pais jovens, criativos, responsáveis e com aquela família perfeita para um post do Hypeness?

Alguns até apelam para o anúncio do produto em fabricação, em postagens que mostram o processo produtivo e estimulam a compra. Tal situação pode ser classificada de acordo com Bauman pela “busca à plena satisfação a todo tempo”, uma vez que a imagem de insatisfação ou infelicidade não é tratada pelos fornecedores como parte do produto “família feliz”.

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Uma empresa feliz é uma empresa bem sucedida. Você gostaria de se associar a uma instituição que investiu tempo, dinheiro e abdicou sua liberdade para passar noites em claro e tolerar situações de arrancar os cabelos?

Parece que, cada vez mais, os investimentos feitos necessitam de algum produto – real ou fictício – que justifique a decisão de cada indivíduo. Não é necessário somente ter gostos e opiniões, é preciso saber como, quando e para quem vende-los.

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Não perturbe.