Intro 

É inegável que a saga de livros de Harry Potter mudou o mundo que hoje conhecemos a um ponto que precisaríamos de um novo para esquecer sobre os bruxos. 

Em 26 anos desde o lançamento do primeiro livro, diversas adaptações e obras foram criadas a partir desse universo, como a própria saga de filmes dos livros, o spinoff de Animais Fantásticos, livros sobre quadribol e histórias do universo e 26 videogames, sendo “Hogwarts Legacy” o último lançado.

Hogwarts Legacy é um RPG de ação imersivo de mundo aberto onde o jogador tem a chance de ser o protagonista de sua história e experienciar aventuras enquanto explora e estuda em uma Hogwarts ambientada no século 19. Desde seu anúncio e especialmente a partir do acesso antecipado, devido a pobreza de espírito da criadora deste universo bruxo, os internautas se dividiram entre jogar e cancelar o jogo.

Meu intuito não é dar a minha opinião ou tentar convencer alguém de algo, mas sim trazer argumentos e informações para que você tire suas próprias conclusões.

Por que jogar?

Experienciar o que um dia foi sonho 

Se você já leu algum livro ou viu algum dos filmes de Harry Potter, tenho certeza que você já sonhou em experienciar aquilo que Harry, Hermione e Ron viveram (salvo exceções). Já pegou um graveto e gritou algum feitiço ou visitou algum dos parques da Universal. 

Hogwarts Legacy permite que você finalmente viva esse sonho por meio de um jogo. O jogador pode personalizar o seu protagonista, decidindo sua aparência, nome, voz e pronomes, além de, claro, escolher a sua casa.

Minha casa, meu patrono

Existe a opção de vincular sua conta da Wizarding World (página oficial do universo de Harry Potter e Animais Fantásticos) com o jogo, recebendo assim itens especiais, mas não é obrigatória.

Explore o mundo bruxo com seus próprios olhos

Graças ao mapa de mundo aberto, você pode explorar as áreas desbloqueadas que quiser quando não estiver fazendo missões. Tome uma cerveja amanteigada em Hogsmeade ou explore a Floresta Proibida durante a noite, a escolha é sua!

Novos personagens, mas que são familiares

Por se passar quase 100 anos antes da história do “garoto que sobreviveu”, não veremos nenhum personagem da franquia original, mas algumas famílias já existem nessa época! Encontre o Diretor Black, a Vice-Diretora Weasley e um antepassado não tão distante d’Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado, Ominis Gaunt.

Por que não comprar?

Royalties para uma transfóbica

A autora dos livros, Aquela-Que-Não-Deve-Ser-Nomeada, se posicionou, e posiciona, abertamente contra causas e pessoas trans, chegando até a apoiar instituições contra essas pessoas. 

Mesmo com a Warner e os criadores do jogo confirmarem que a autora não esteve envolvida no processo de criação, ela recebeu e receberá royalties por estarem criando algo a partir de algo que ela criou. Ela receberá o mínimo, mas ainda é algo.

Uma forma que os desenvolvedores encontraram para tentar separar o posicionamento dela do jogo foi inserir uma personagem transsexual, Sirona Ryan. Reiterando, tentaram. 

A personagem foi pobremente projetada:

  • é referida pelos outros como “Miss Ryan” (Ryan é um nome comum masculino em países anglófonos). 
  • Seu nome possui “senhor”, inserido nele, além de ser o título de cavaleiros (SIRona)
  • Sirona, na mitologia celta, é a deusa da cura e é representada por ovos e uma cobra (não preciso nem contar a que isso remete)

Meu PC não roda nem The Sims, imagina esse jogo

Os pré-requisitos para se jogar Hogwarts Legacy podem estar um pouco fora de mão para a maioria dos fãs de Harry Potter. Por ser um jogo de mundo aberto e gráficos super detalhados e lindos, acaba tornando-se extremamente pesado, com quase 80GB. Como uma pessoa, com seu notebook para trabalho ou faculdade de 256GB de memória e processador simples, conseguiria baixar um jogo que ocupa ¼ do seu espaço limitado e faz com que o notebook vire uma turbina de avião? 

Claro, existem aqueles com notebooks mais potentes e computadores com um GPU industrial, mas são uma parcela seleta do público-alvo. 

Os streamers estão errados?

As discussões sobre jogar ou não Hogwarts Legacy tomaram palco principalmente no Twitter e os streamers não fugiram do fogo cruzado, sendo extremamente criticados por decidirem jogar o jogo, dizendo que estão divulgando e apoiando a autora e suas ideologias.

O fato é: Harry Potter é um fenômeno cultural. Tudo e qualquer coisa relacionada a isso se torna um sucesso de vendas, como roupas, livros, filmes e jogos. Hogwarts Legacy não foi diferente. Seu marketing espontâneo foi tão grande a ponto do trailer oficial ser o trailer mais visto no canal da Playstation no YouTube e o terceiro vídeo mais visto do mesmo. Logo, o marketing e divulgação que os streamers estariam fazendo para o jogo seria ínfima perto do que ele já faz por si só.

No entanto, os streamers que decidiram que jogariam Hogwarts Legacy disseram que o dinheiro arrecadado nessas lives seria doado para instituições que apoiam a causa trans. A primeira a fazer isso foi Wanessa Wolf, uma streamer trans que arrecadou mais de 10 mil reais até agora.

Conclusão

A resposta para o dilema de jogar ou não é muito mais complexo do que posicionamentos extremos e binários. Por isso, caro leitor, eu trouxe argumentos de ambos lados para que você mesmo tirasse suas conclusões. Mas é sempre bom repetir: não é possível separar o autor da obra nesse caso.