Há algum tempo, o brasileiro se demonstra insatisfeito com diversos assuntos, estejam estes ligados à política, comportamento do próprio brasileiro, fatos que acontecem no mundo ou a qualquer outro. Isso não quer dizer que a população está mais crítica, ou algo do tipo, mas demonstra que as pessoas querem ser ouvidas, querem ter opiniões, querem sair de uma inércia que era dominante há um tempo. Porém, com essa ascensão da “exposição de pensamentos”, as pessoas estão confundindo os significados das palavras “crítica” e “julgamento”. As críticas construtivas estão perdendo espaço para julgamentos preconcebidos, deixando nosso ambiente atual muito similar ao da alegoria de Gil Vicente, O Alto da Barca do Inferno, onde o Anjo e o Diabo julgavam quem ia para o paraíso e o inferno. Muitos assuntos, de todo o tipo de natureza, passaram a ser julgados (e não criticados) e a vítima dessa vez foi o empresário brasileiro, Chiquinho Scarpa.

Polêmico, rico e conde (segundo ele), Francisco Scarpa se tornou alvo de julgamento após anunciar algo no mínimo estranho: o enterro de seu Bentley de R$ 1 milhão. A notícia percorreu por diversos veículos de comunicação, na maioria das vezes instigando aos leitores e telespectadores um certo ódio, por ser um ato arrogante e nada humilde (até então). O empresário dizia que era um ato nobre, similar aos dos faraós do Egito. Mas, o que ninguém esperava, é que tudo não passava de uma campanha para doação de órgãos. Isso mesmo! Anjos e Diabos, provavelmente, devem estar perplexos.

O enterro do Bentley de Chiquinho, serviu apenas para divulgar a “Semana Nacional de Doação de Órgãos”, que se estenderá entre os dias 23 e 29 de setembro. Com a ideia de que “uma vida vale mais que um Bentley”, Scarpa postou a foto acima com o texto: “Eu não enterrei meu carro, mas todo mundo achou um absurdo quando eu disse que ia fazer isso. Absurdo é enterrar seus órgãos, que podem salvar muitas vidas. Nada é mais valioso. Seja um doador, avise sua família.”. Uma campanha simplesmente genial, por fugir completamente do padrão e gerar todo esse falatório, que se afunilou em um assunto de extrema importância, não só para o Brasil, mas para o mundo todo também.

No post sobre a campanha da empresa tailandesa, True Corporation (se você não viu, clique aqui), pode-se perceber que a generosidade é uma virtude nobre, que em muitos casos prevalece em relação as outras. Doação de órgãos, é um ato mais que generoso, pois, como sabemos, dá oportunidade à muitas pessoas de viverem uma nova vida. Portanto, devemos deixar de lado toda a discussão e julgamentos a cerca de Chiquinho Scarpa. Há coisas muito mais importantes para nos preocupar, como ele mesmo disse. Uma vida vale mais que um Bentley.

Antes, era apenas mais um garotinho, do interior de SP, com uma cabeça desproporcional ao corpo. Agora, um estudante de Publicidade e Propaganda da ESPM.