Sei que o filme “Homem Aranha: sem volta para casa” já é notícia velha, mas quando assisti tive um incômodo que sinto ser pertinente com os novos lançamentos. Avisando logo no começo que essa é uma crítica a forma como o personagem do Dr. Estranho está sendo escrito, não ao personagem em si. Não me matem ainda. E se terminarem o texto com muita raiva de mim, assistam o nosso podcast sobre o Futuro da Marvel que vai sair no Hiperlink no spotify nessa sexta feira!

A Marvel sempre fez filmes de super heróis e de ficção, mas a inserção da magia veio aos poucos nos longas. Essa história ficou mais presente com a vinda do personagem do Dr. Estranho, que possui uma das Infinity Stones, a Pedra do Tempo. Com essa pedra ele consegue manipular o tempo e possui diversos poderes mágicos. Até aí tudo certo, mas quando a magia entra no mundo da narrativa sem trazer consigo regras para seu funcionamento, o problema é instalado. Na fase anterior, na guerra contra Thanos, todas as leis da magia foram explicadas, tudo que aconteceria na volta do tempo e nessa viagem através das épocas foi deixado claro tanto para os personagens quanto para o público. Mas agora isso está um pouco diferente.

Quando tem magia, vale tudo. Se não tiver regras que limitem e regulem esses poderes, qualquer coisa que falarem para o público, vira lei. Por exemplo, em Harry Potter, os feitiços possuem nomes, regras, limites de idade e leis no mundo da magia. Já no filme do Homem Aranha, por exemplo, o feitiço só não pode apagar a mente de todos menos dos amigos de Peter, porque o Dr. Estranho disse. E ponto. Além disso, todos dos outros multiversos que conheceram Homem Aranha como Peter Parker voltaram, mesmo tendo morrido (os vilões), mas Gwen Stacy não voltou. Por que? Porque sim. 

Claro que toda e qualquer regra de filmes de ficção só vale porque o roteirista disse que sim, mas no filme esse poder sem limites definidos fica tão explícito que falta sentido, falta razão. É um poder superficial e mal explicado.

Usar a magia da forma como a Marvel tem usado é uma espécie de Deus ex Machina, uma expressão que define um fim inesperado, mirabolante e improvável para uma história. Por isso a tradução: deus surgido da máquina. É como colocar que tudo foi um sonho, para não ter que explicar os porquês de cada plot twist, nem desenvolver as histórias.

Os filmes não são ruins, são divertidos, engraçados e bem feitos, mas a história está começando a ficar com buracos e os plot twists não estão sendo bem costurados. Logo, para que os filmes voltem a fazer sentido dentro de sua própria fantasia, serão necessárias regras que coordenem e relacionem as histórias. Como diz a Mônica de FRIENDS: “Rules are good! Rules help control the fun!”.

“Regras ajudam a controlar a diversão”