É raro encontrar um atleta que seja um fenômeno na sua especialidade e fora dela consiga também chamar a atenção devido ao seu carisma, opiniões sobre o nosso mundo e posicionamentos políticos.

Cassius Clay Jr. – mais conhecido como Muhammad Ali – é uma dessas raridades que apresentava um boxe invejável e sempre desafiou establishment seja por suas posições políticas (se recusou a servir no Vietnã), sua luta contra o racismo ou sua conversão ao islamismo que o aproximou perigosamente dos Black Panthers nos anos 60.

E foi um fotógrafo um alemão que foi escolhido para acompanhar o ídolo tanto dentro dos Estados Unidos quanto fora dele por diversas ocasiões. Thomas Hoepker clicou muitas imagens de Ali, inclusive a famosa (e uma das primeiras que ele tirou) chamada “Fist” tirada em Chicago em 1966 e que você pode ver aqui:

“Ele poderia ser uma pessoa diferente a cada momento. Provavelmente o personagem mais interessante que eu já fotografei” diz Hoepker nessa entrevista, a segunda da série BBC Culture’s Through the Lens que marca o 70º aniversário da Magnum Photos, aqui: http://www.bbc.com/culture/story/20170921-surprising-photos-of-muhammad-ali

Ali pode até ter sido camaleônico em vários momentos, mas poucos personagens da história do esporte mundial tiveram tanta coragem e posições firmes. Quando ele recusou servir o exército americano no Vietnã essas foram suas palavras na época: “Minha consciência não me deixa atirar no meu irmão, ou em pessoas mais escuras, ou em pessoas famintas e pobres que estão na lama para a grande América poderosa. E atirar para o quê? Nunca me insultaram por causa da minha cor, nunca me lincharam, não puseram os cachorros atrás de mim, não roubaram a minha nacionalidade ou estupraram e mataram minha mãe e meu pai. Atirar neles para o quê? Como posso atirar em pessoas pobres? Apenas me levem para à prisão “.

Por essas e outras é que Ali foi um campeão genuíno. Salve Ali.

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Darlan Moraes Jr

Formado em Comunicação Social pela ESPM e Administração de Empresas pela PUC de São Paulo.
Foi Diretor de Criação em agências como JWT na República Tcheca, D´Arcy na Romênia, BBDO na Letônia e Rússia dentre outras. No Brasil trabalhou em agências como a McCann. Depois de 15 anos fora da pátria mãe, retornou em 2012 e hoje trabalha – através da sua empresa Nova Opção - com aproximação do Brasil, Rússia & Leste Europeu em diversos segmentos de business.
www.darlanmoraesjr.com
www.novaopcao.biz

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