Games

Um adeus para as belas capas de jogos

By Lucca Leonardi

February 10, 2017

Hoje em dia, se você for para alguma loja de jogos ou livraria, todas as estantes estarão com as mesmas artes de capa, qualquer seja o console ou o gênero. De forma semelhante aos filmes, o protagonista sempre aparece na capa segurando alguma arma ou até mesmo apenas parado, cada vez mais o mercado acredita que são os personagens que vão vender o game.

A pior parte é que mesmo se o jogo for artístico, inovador ou apenas diferente, sua capa não reflete o que mais importa: o seu conteúdo. Tudo porque americanos acreditam que homens com armas vendem mais que as boas ideias dentro do game, enquanto a Europa e o Japão tentaram manter o senso de estética que foi perdido com o passar das gerações.

No começo da indústria de games, a capacidade gráfica existente não permitia com que apenas jogassem um modelo 3D photoshopado na capa. Artistas eram necessários para a própria comercialização dos produtos, que tentavam dar uma estilizar no conteúdo já que pixels não eram tão emocionantes.

Você compraria isso?

Ou isso?

Tudo começou a desandar quando os EUA passou a adaptar as capas japonesas e europeias, em uma tentativa de atingir os gamers americanos, claramente falhando em compreender seu público alvo. Um ótimo exemplo é o caso de “Rockman”, transformado em Megaman no ocidente, além de ter sua aparência “modernizada”.

A capa japonesa retratava perfeitamente o aspecto divertido e cartoon do jogo.

Já nos Estados Unidos parece que eles nem conheciam o personagem.

Quando o Playstation 2 chegou, batendo recordes de vendas e popularizando ainda mais os games, a tecnologia já era boa o suficiente para colocarem o personagem em CGI na capa, criando uma imensidão de caixas genéricas.

No caso de Tomb Raider, a Lara Croft ainda era sexualizada. 

Apesar disso, o Japão e a Europa continuavam criando capas originais e artísticas, portanto sempre existiam duas ou mais capas para o mesmo game. A série inteira de Final Fantasy possuía um identidade visual limpa e minimalista na ásia, remetendo perfeitamente a estética do jogo.

Já nos Estados Unidos, devido a boa resposta nas vendas com o uso das personagens em destaque, a série inteira acabou completamente comercializada como jogos de ação, também apostando nas personagens femininas.

A ironia na prática americana é que os jogos diferentes, com capas criativas e diferentes, também vendiam muito. A série Grand Theft Auto, uma das maiores de todos os tempos, assim como Final Fantasy no Japão, também tinha uma identidade visual clara e diferente.

Por fim, agora que já estamos na oitava geração de consoles, infelizmente a técnica americana se tornou norma no mundo inteiro, com poucas variações de capas por região. Sempre existem exceções, mas em grande parte temos e vamos ter cada vez mais homens armados como símbolos de nossos jogos favoritos.