Tropes na literatura são recursos narrativos utilizados para contar histórias, ou seja, modos recorrentes de conduzir histórias. No caso dos livros de histórias românticas é muito comum ouvirmos as tropes em inglês, como por exemplo, Friends to Lovers, que são amigos que se apaixonam, Love Triangle, Fake Relationship, Bet, Enemies to Lovers, entre outros. Esses recursos mostram como a história do romance dos protagonistas vai funcionar, o que fará com que eles se apaixonem, os caminhos do relacionamento. Assim, vamos entender alguns tropes clássicos e os pontos altos e baixos de cada um na história.

Para começar, vamos analisar a trope mais clássica e fofinha: Friends to Lovers, em que amigos, muitas vezes de longa data, acabam se apaixonando. Esse padrão é básico, o leitor consegue se identificar, fantasiar com seus próprios amigos e traz esperanças para todos que estão na “terrível” friendzone. Frequentemente, o romance nesses livros evolui de forma um pouco mais devagar, que chamamos de slowburn, uma vez que os amigos demoram um pouco para perceber e aceitar os sentimentos que têm um pelo outro e avaliar se vale a pena arriscar a amizade por isso.

Outras tropes muito usadas são de Triângulo Amoroso e Relacionamento Falso. Ambas costumam ocorrer em cenários de ensino médio, com personagens mais novos e são o que podemos considerar um clichê. Trazem drama para história, dividem o leitor a respeito do casal e rendem brigas e confusões de sobra. Triângulo Amoroso é a mais clássica; é basicamente impossível nunca ter lido um livro ou visto um filme em que o personagem principal fica dividido entre duas pessoas, sem saber quem realmente ama. 

Já a trope de Relacionamento Falso tem ficado muito famosa recentemente, com livros como Todos os Garotos que já Amei que, ao se tornarem filmes, vendem demais. Essa trope é autoexplicativa: os protagonistas frequentemente pertencem a tribos sociais diferentes, como um popular e um nerd, por exemplo, e decidem fingir um relacionamento como forma de conseguir alguma coisa, como causar ciúme em um ex ou melhorar seu status social. Passando tanto tempo juntos, eles acabam percebendo que não é mais tanto fingimento assim e que estão se apaixonando. Não é uma trope ruim, mas as histórias acabam muitas vezes ficando iguais, com os mesmos plots, o que o torna um pouco cansativo.

Além dessas, uma trope bem explorada em livros infantojuvenis é a de Aposta. Nessas histórias, frequentemente um dos personagens faz uma aposta com os amigos de que vai conquistar outra pessoa, mas eles acabam se apaixonando de verdade. O plot dessas histórias costuma ser o mesmo: quando eles estão bem e apaixonados, a pessoa descobre que foi tudo uma aposta e o drama da história parte daí. Esse estilo já foi muito usado, tanto em livros recentes como After e Beach Read, quanto em filmes mais antigos como Dez Coisas que eu Odeio em Você. Rende boas histórias, mas o plot acaba sendo o mesmo na maioria dos livros, então fica pouco original.

Por fim, temos a minha trope favorita: Enemies to Lovers. Nessas histórias, os protagonistas começam se odiando, mas essa é a parte que fica interessante. Como o único pré requisito é que eles não se gostem no começo da história, essa pode se desenvolver de inúmeras maneiras; a razão pela qual eles se odeiam pode vir de infinitas opções, o ritmo do romance pode ser tanto lento, como imediato, as brigas e os dramas da história variam de autor para autor, entre diversos outros pontos que podem mudar. Por ser um tipo mais aberto, histórias Enemies to Lovers, podem ter outras tropes dentro delas, como por exemplo em 10 coisas que odeio em você, além de ser uma aposta, os personagens começam se odiando e terminam apaixonados. Isso abre espaço para explorar muitas narrativas. Além disso, como o drama da história parte da inimizade deles, quando finalmente percebem que se amam e decidem ficar juntos, o romance fica muito melhor, sem muitas confusões dentro do relacionamento, e sempre com muitas implicâncias, deixando a história divertida de acompanhar. 

Escrever um romance cativante, que prenda o leitor, é mais complicado do que parece, mas independentemente da trope escolhida, o que mais importa é a originalidade. Ler sempre as mesmas histórias em livros diferentes acaba sendo muito previsível; fica fácil de saber como a narração vai se desenrolar. Quando o autor ou a autora coloca no livro partes de sua vida, de sua personalidade, criando uma história fora da fórmula que faz sucesso, o resultado pode ser melhor do que o esperado.