A Realidade é a tendência do momento.

Ou seria a realidade alternativa? Quanto mais real, melhor – contanto que não deixe de ser “brincadeirinha”. Mas o fato é que não mais nos impressiona os efeitos especiais do George Lucas. Ou o Hulk ser 100% digital. Muito menos Matrix com seu slow motion que até você consegue fazer se usar o software certo. Numa Era onde um mês significa décadas na internet, onde a evolução da tecnologia corre à velocidade da luz, as pessoas dessa geração tendem a dar mais valor ao que vivenciam, suas experiências de vida. Você não cuida dos seus CDs com o carinho que seus pais cuidavam dos LPs. Pior: quem ainda compra CD aqui? Nós baixamos o mp3: uma, duas, cinco, dez versões diferentes daquela música; escolhemos a que mais gostamos e deletamos as outras. Sim, uma Era onde quase tudo é descartável, quase tudo pode ser banalizado e compartilhado. A única coisa que é sua – e apenas sua – é sua experiência de vida, o que você vivenciou, o que sentiu, o que absorveu. E isso sim não tem preço. (faltou essa, Mastercard!)

E não há nada mais perfeito para uma marca do que fazer parte dessa experiência única. Muito melhor do que simplesmente vender uma idéia, um posicionamento, um conceito, em uma página dupla é ficar para sempre na memória do seu público-alvo. Faça parte da vida dele! Seja real.

Os ARGs são assim: criam uma mitologia e grupo de seguidores. Te proporcionam experiências únicas e que levam a essência do jogo para além dele. Para a realidade. Como Halo 2, Lost, Inteligência Artificial, Cloverfield, Batman The Dark Knight, Vivo em Ação, Obsessão Compulsiva, Eagle Eye Free Fall, entre muitos outros. Você faz parte do filme, da marca; entra no jogo, participa, dá sua colaboração. No caso dos filmes, é como assistí-los antes de ir ao cinema. E, cá entre nós: depois que você teve uma experiência com a coisa, vai vê-la com outros olhos.

Acontece que, infelizmente, no Brasil ainda há um pouco de resistência e medo por parte das empresas em investir nesse tipo de estratégia. Mas porque? O Brasil é referência em produção de games no mundo, knowhow é o que não falta. Então ACORDA, ALICE! Xuxa, TV Globinho, Faustão, Novela das Oito, não cola mais! As crianças, os adolescentes e os jovens-adultos de hoje vivem uma Era digital que torna a publicidade da página-dupla simples demais. Não se deve abolir os comerciais de 30″, a mídia impressa e nem nada que já estamos acostumados, mas é preciso ir além. Fazer as pessoas viveram a marca.

A Realidade Aumentada está ai para provar isso também. Que é preciso inovar e que a publicidade tem muito a aprender com a indústria do entreterimento. Um produto pode ser feito para a TV, mas ele pode também ir além. É o caso de Lost e Heroes com suas Narrativa Transmidiática. É o verdadeiro 360. É a convergência de todas as mídias, todas as formas de atingir um público que hoje assiste TV enquanto ouve iPod, navega na internet, manda SMS e fala pelo MSN, Skype, Twitter, Blog – tudo ao mesmo tempo. Como é possível prender a atenção dessa pessoa para a marca? Como envolvê-la e conquistá-la quando é impactada por inúmeras mídias ao mesmo tempo? Os ARGs são a grande solução. Já existe, pelo menos, duas décadas que estão ativos lá fora e começando a ganhar simpatia das empresas aqui no Brasil. Mas, calma. Alto lá! This is not a game, but actually it is. Como o Zona Incerta da Guaraná Antártica, apesar de terem conseguido concertar e continuar a ação, “desastres” não podem acontecer. E não vão quando a ação deixa bem claro que é ficcional. Joga quem quiser sem obrigar ou incomodar os outros; e por mais real que pareça, ainda é um jogo.

 

Drika Rodrigues a.k.a. Kit Williams, 25/03/2009 às 00:49

Agradecimentos ao Vince Vader pelo vasto conhecimento.