Outubro é o mês do Cinema em São Paulo: de 16 a 29 de outubro acontece a tão esperada e tradicional Mostra Internacional de Cinema. Nestas duas semanas, os cinéfilos e interessados na produção áudio-visual contemporânea serão presenteados com a exibição de 331 títulos de vários países do mundo (além de curtas metragens), espalhados por 35 espaços entre cinemas, centros culturais e museus da capital.

Tudo começou no grande auditório do Museu de Arte de São Paulo – MASP, onde Leon Cakoff começa a programar, em 1974, a exibição de filmes que não chegavam ao circuito comercial. Estes ciclos recebem o aval do público e a experiência permite a Cakoff, batalhando contra a censura da época, montar um painel mais amplo do cinema independente produzido no mundo. Nasce, em 1977, a primeira Mostra Internacional de Cinema, marcando o aniversário de 30 anos da criação do MASP. Esta primeira Mostra exibe 16 longas e 7 curtas e é instituído nesta mesma ocasião o Prêmio do Público. Walter Salles comenta a importância do evento: “Se o cinema é a identidade de um país projetada na tela, então a Mostra Internacional de Cinema reflete o mosaico de identidades. Cinema como forma de conhecimento do mundo, como forma de aceitar e festejar as diferenças”.

Atualmente a Mostra Internacional de Cinema é composta por módulos ou seções: Competição Novos Diretores, que exibe títulos de diretores que tenham realizado até dois longas metragens (os mais bem votados pelo público serão vistos pelo Júri Internacional, que escolhe posteriormente os que vão receber o Troféu Bandeira Paulista); Perspectiva Internacional, que apresenta um panorama do recente cinema mundial; Retrospectivas, seção com obras de diretores importantes ou mesmo desconhecidos; Apresentações Especiais, exibição de clássicos ou de filmes de diretores que estão sendo homenageados pela Mostra; e Mostra Brasil, títulos brasileiros inéditos em São Paulo.

O Cineasta espanhol Pedro Almodóvar é o grande homenageado desta 38ª. edição da Mostra, cuja abertura acontecerá no dia 15 de outubro. Além de assinar a criação do pôster oficial do evento, haverá uma Retrospectiva que abarca todas as fases de sua carreira: Pepi, Luci, Bom E Outras Garotas De Montão (1980), Maus Hábitos (1983), Que Fiz Eu para Merecer Isto? (1984), Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos (1988) e Ata-Me (1890), A Lei do Desejo (1987), Carne Trêmula (1997), Fale com Ela (2002), além das obras mais recentes.

Aqui vai a minha seleção de alguns filmes inéditos confirmados para a edição deste ano que vale destacar:

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Winter Sleep, de Nuri Bilge Ceylan, ganhador da Palma de Ouro no Festival de Cannes.

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A Gangue, de Miroslav Slaboshpitsky, que ganhou o Grande Prêmio na Semana da Crítica do Festival de Cannes;

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Leviatã, de Andrey Zvyagintsev, que ganhou o prêmio de Melhor Roteiro no Festival de Cannes;

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As Noites Brancas do Carteiro, de Andrei Konchalovskiy, ganhador do Leão de Prata em Veneza;

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The Captive, de Atom Egoyan, que foi indicado à Palma de Ouro no Festival de Cannes;

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O Homem que Elas Amavam Demais, de André Téchiné;

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Wild, de Jean-Marc Vallée, mesmo diretor de Clube de Compras Dallas;

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Acima das Nuvens, de Olivier Assayas, que foi indicado à Palma de Ouro no Festival de Cannes;

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O Segredo das Águas, de Naomi Kawase, que foi indicado à Palma de Ouro no Festival de Cannes.

Um evento paralelo à Mostra merece destaque: A Cinemateca Brasileira apresenta a exposição México Fotografado por Luis Buñuel. Com projeto museológico assinado por Daniela Thomas e Felipe Tassara, a exibição reúne uma série de fotos realizada pelo cineasta espanhol e conservada pela Filmoteca Española, em Madri. Elas representam apenas uma pequena parcela de um conjunto de milhares de imagens feitas pelo ícone do cinema surrealista na busca de locações para os filmes que rodou no México, entre 1947 e 1965. No total, são 85 fotografias, quase todas relacionadas a produções deste período. A seleção conta ainda com outras imagens que não têm relação com algum filme específico, mas que em conjunto ajudam a revelar o minucioso trabalho de pesquisa realizado por Buñuel antes de começar as filmagens – antes mesmo de se dedicar à escrita dos roteiros.

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A ESPM também se preparou para a Mostra no WorkShop Cinema e Semiótica por mim coordenado. Dos cinco encontros com o grupo de alunos de Comunicação, Design e Administração, foram produzidos cartazes para o evento, se apropriando da estética da linguagem de Pedro Almodóvar, além da criação experimental da vinheta da Mostra. Os cartazes podem ser vistos na Exposição Cores de Almodóvar no hall de entrada da Biblioteca da ESPM.

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Agora e só se deixar levar pelas belas imagens e sons da Mostra, mergulhando nestes sonhos flutuantes que há 38 anos habitam o imaginário dos cinéfilos de São Paulo.

 

IMG_0245João Carlos Gonçalves (Joca)
Doutor em Linguagem e Educação pela USP; Mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP. Professor de Fundamentos da Comunicação e Semiótica Aplicada na ESPM.

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