No grande sucesso do cinema “A Origem” lançado em 2010 e estrelado por Leonardo DiCaprio, a trama principal gira em torno do universo dos sonhos. Na narrativa são utilizados aparatos tecnológicos e drogas que possibilitam a invasão e a manipulação do sonho de outras pessoas, com a intenção de obter resultados no mundo real, influenciados pelas escolhas e pelo comportamento emitido por quem teve seu sonho violado. A possibilidade de controlar sonhos tem respaldo em diversos trabalhos científicos, porém, nenhum deles está relacionado à utilização de drogas ou qualquer aparato tecnológico, basta treino.

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Os sonhos sempre promoveram a curiosidade de muitos desde a antiguidade, e acabaram incentivando alguns cientistas e médicos a desvendar seus mistérios e significados. O estudo científico mais difundido no universo dos sonhos provavelmente pertence ao inglês Sigmund Freud, pai da Psicanálise e autor do livro “A Interpretação dos Sonhos” lançado em 1899, nessa obra Freud aborda os sonhos como um caminho para o conhecimento do inconsciente, partindo do princípio de que os sonhos são um reflexo da realidade e uma manifestação pura de sentimentos e crenças dos indivíduos. Essa obra de Freud é considerada por muitos o seu estudo psicanalítico mais importante e com certeza guiou o desenvolvimento da Psicanálise conhecida hoje.

Enquanto Freud desenvolvia teorias sobre o significado dos sonhos, o cientista holandês Frederik van Eeden finalizava seu estudo acerca da possibilidade de controlá-los, em seu livro “Um Estudo dos Sonhos” Frederick aborda não só a viabilidade de ficar consciente durante um sonho, mas também o desenvolvimento da habilidade de fazer valer sua vontade ao sonhar. Como referência para seu projeto o cientista utilizou o registro diário que mantinha dos seus sonhos, o qual, narrava 352 sonhos manifestados num período de 14 anos, tempo marcado pela evolução de sua habilidade em promover o controle dos acontecimentos presenciados. Foi em 1913 na elaboração de um artigo que Frederick utilizou pela primeira vez o termo “sonho lúcido” hoje utilizado para classificar os sonhos que possibilitam ao indivíduo agir ao invés de apenas reagir aos episódios, nesse momento o cientista concluiu sua tese com a afirmação de que “Nos sonhos lúcidos, a reintegração das funções psíquicas é tão completa que o sonhador alcança um estado de absoluta consciência e é perfeitamente capaz de direcionar sua atenção ou tentar diferentes atos de livre escolha”.

O princípio de um sonho lúcido é simples, é aquele no qual você sabe que está sonhando. Algumas pessoas frequentemente vivenciam a experiência de no meio de um sonho tomar a ciência de que aquilo é mesmo um sonho, normalmente esses episódios são caracterizados por apresentar um conteúdo mais intenso, tudo aparenta ser mais bizarro e emotivo do que regularmente, nesse momento muitos têm seu sonho imediatamente interrompido, outros ainda conseguem aproveitar a experiência por completo ocasionalmente. O que poucos sabem é que com treino qualquer um é capaz de exercer controle sobre seus sonhos, podendo determinar seus enredos, quem irá participar deles e até os cenários.

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O trabalho científico de Frederick van Eeden instigou outros estudos na mesma esfera, um deles foi o desenvolvido por Jayne Gackenbach, professora da Universidade de Grant MacEwan no Canadá, autora do livro “Play Reality”, no qual, relaciona os sonhos ao universo dos Jogos Digitais. De acordo com a pesquisadora, tanto nos nossos sonhos quanto na realidade digital criada pelos jogos, somos expostos a realidades alternativas, de acordo com ela “Quem joga videogame está mais habituado que outros a controlar ambientes fictícios”, a cientista afirma que os indivíduos que interagem com games desenvolvem importantes habilidades cognitivas as quais aproximam tais pessoas dos sonhos lúcidos. Segundo ela, 58% das pessoas entrevistadas durante o desenvolvimento de sua tese já experimentaram um sonho lúcido ao longo da vida, os jogos possibilitariam que tais pessoas repetissem a experiência.

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Como incentivo para quem está pensando em colocar em prática o sonho lúcido, alguns estudos apontam a existência de inúmeros benefícios para os sonhadores. Dentre os pontos positivos ressalta-se o estímulo no âmbito da criação e no desenvolvimento de ideias, acredita-se que a otimização cognitiva adquirida com essa prática promove a habilidade de que as pessoas pensem de forma diferente das outras quando submetidas a encontrar soluções para problemas que parecem não ter saída.

Existem alguns métodos para estimular a experimentação de sonhos lúcidos, aqui seguem 3 métodos diferentes que podem fazer parte da sua rotina ou podem ser ao menos testados por você.

Texto de Luiz Augusto Callonere Cerqueira

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