Desde sua criação em 1961, a Marvel é conhecida por seus quadrinhos cheios de realismo, heróis falhos, com personalidades complexas e por abordar política no meio de tudo isso. A empresa criou personagens que se tornaram ícones da cultura pop e se utiliza deles e de seus quadrinhos como meio para promover políticas progressistas. Seja a causa LGBT, o empoderamento feminino, xenofobia, questões raciais e religiosas, a Marvel sempre procura abraçar novos perfis para seus quadrinhos, que sejam mais representativos e irreverentes.
Um exemplo recente é a personagem Ironheart, que chega em novembro desse ano, substituindo Tony Stark. Riri Williams é uma garota negra que entrou no MIT aos 15 anos e desenvolveu sua própria versão do uniforme do Homem de Ferro em seu dormitório. Essa personagem não foi especialmente desenvolvida depois de uma reunião, mas sim como uma resposta e reflexo do mundo ao nosso redor e a ausência de representatividade feminina e negra na cultura popular.
Em 2000, o herói canadense Northstar apareceu como um dos primeiros personagens gays assumidos e, em 2012, casou-se com Kyle Jinadu, no primeiro casamento homossexual da história da Marvel. Também temos personagens que atuam em resposta a outras questões, como Kamala Khan, a Ms. Marvel muçulmana ou o Homem-Aranha filho de um pai negro e uma mãe porto-riquenha, a Thor Feminina, que luta contra um câncer de mama e torna-se superpoderosa ao pegar o famoso martelo. Grande parte do novo público de leitores de quadrinhos consiste em jovens meninas, o que torna vital a criação de novas figuras que empoderem e se identifique com essas pessoas.
O governo dos Estados Unidos também não foge de alfinetadas dos quadrinhos. O presidente já foi retratado, por exemplo, como o próprio Satã, em “O Incrível Hulk”, no ano de 1974. O novo vilão racista do Capitão América, MODAAK (Mental Organism Designed As America’s King), promete aparecer perdendo uma briga para a versão negra e feminina do herói e se assemelha muito ao candidato à presidência, Donald Trump, com a pele amarelada e os círculos claros em volta dos olhos. Outro exemplo é a história (recentemente transformada em filme) de Civil War, que fala também sobre como o governo controla seus cidadãos em nome de sua “proteção”.
Tudo isso nos traz a mais recente polêmica, da nova Mary Jane Watson, no filme Spider-Man: Homecoming, que será interpretada pela atriz Zendaya, que é uma garota de descendência afro-americana. Sobre isso, Stan Lee disse “Se ela é uma boa atriz (como tenho ouvido falar que ela é), eu acho que será absolutamente maravilhoso. A cor de sua pele não importa, sua religião não importa. Tudo o que é importante é que seja a pessoa certa para o papel”.
Não podemos fechar nossos olhos diante das novas dinâmicas da sociedade, as novas bandeiras que são levantadas e a forma como a Marvel vem lidando com essas questões é completamente apropriada e adequada à essa realidade. Falta atitude vinda dos mais diversos setores que possam influenciar a opinião pública acerca desses assuntos e que elas se inspirem na Marvel, que abraça as diferenças e realmente se esforça para criar um ambiente mais representativo.