Nos últimos anos, entabulei muitas conversas com pessoas que são interessadas na possibilidade de trabalhar com games. Detectei muitas percepções errôneas durante nossos diálogos e pude notar que é muito comum algumas ideias se confundirem nesse âmbito e o trabalho de game design ser confundido com as práticas de programação de códigos ou de design 3D. Por isso este post busca trazer algumas palavras de autores consagrados sobre o papel que desempenha um game designer e o que é game design.

De maneira bastante objetiva, Salen e Zimmerman (2004, p.47) definem que o game designer cria um contexto para ser vivenciado por um participante (ou player) do qual emerge significado. Estes autores frisam que um game designer não cria tecnologias, cria experiências para aqueles que irão fruir os jogos produzidos. Complementando a ideia proposta anteriormente, Bertolo e Ilaria (2013, p.232) apontam que na realidade, quando um game designer desenvolve um jogo, ele está criando um artefato que leva os jogadores a viverem experiências e durante este processo deve emergir um elemento de significado. Para finalizar esta ideia, podemos dizer que o game designer, antes de tudo, “é um indivíduo criativo, dinâmico, com uma ampla experiência em jogos e capaz de ver pelos olhos do jogador”, sendo que este foco no player é nuclear no processo criativo (MARCELO; PESCUITE, 2009, p.35).

Em relação à ideia de game design, Brathwaite e Schreiber (2009, p.2) apresentam uma boa definição para o assunto quando dizem que game design é o processo de criar o conteúdo e as regras de um jogo; é o processo de criar objetivos que o(s) jogador(es) sinta(m)-se motivado(s) a alcançar e regras que o(s) mesmo(s) siga(m) como se estivesse(m) tomando decisões significativas para atingir estes propósitos. Uma segunda visão que complementa a ideia previamente proposta vem de Adams e Rollings (2007, p.36) que postulam que game design é: imaginar a essência de um jogo, definir como ele funciona (regras e mecânicas), descrever os elementos ou componentes que farão parte deste game e trabalhar junto aos diferentes profissionais do time que irá produzi-lo para um certo público de jogadores.

Estamos sintetizando bastante as ideias nesse post, por isso, fica o convite ao leitor para aprofundar esta discussão com as leituras essenciais indicadas a seguir. Para aqueles que querem uma leitura mais breve, visitem meu blog sobre conceitos de games no endereço gamingconceptz.blogspot.com.br .

Go gamers!

Referências bibliográficas:

ADAMS, Ernest; ROLLINGS, Andrew. Fundamentals of Game Design. New Jersey: Pearson Prentice Hall, 2007.

BERTOLO, Maresa; MARIANI, Ilaria. Meaningful play: learning, best practices and reflections through games. IN: HUBER, Simon; MITGUTSCH, Konstantin; ROSENSTINGL, Herbert; WAGNER, Michael G; WIMMER, Jeffrey (Eds.). Context Matters! Proceedings of the Vienna Games Conference 2013: Exploring and Reframing Games and Play in Context. New Academic Press: Viena, 2013.

BRATHWAITE, Brenda; SCHREIBER, Ian. Challenges for Game Designers: non-digital exercises for vídeo game designers. Boston: Cengage Learning, 2009.

MARCELO, Antonio; PESCUITE, Julio. Design de jogos: fundamentos. Rio de Janeiro: Brasport, 2009.

SALEN, Katie & ZIMMERMAN, Eric. Rules of Play: game design fundamentals. Massachusetts; The MIT Press, 2004

 

foto_vinceVince Vader
Vicente Martin (@vincevader) é professor de criação digital e supervisor do departamento de criação da ESPM. Estuda, desenvolve e é apaixonado por games.

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