Sidney Lumet foi um cineasta estadunidense que dirigiu, entre mais de 50 filmes,  12 Homens e uma Sentença, Um Dia de Cão, Rede de Intrigas e Vidas em Fuga.

Filho de um ator e de uma dançarina, Lumet estreou no teatro aos 4 anos, no ano de 1928, e nele trabalhou tanto como ator quanto diretor da off-Broadway até os anos 50, quando se tornou diretor de televisão.

Em 1957 estreou seu primeiro filme, “12 Homens e uma Sentença”, que lhe rendeu uma indicação ao Oscar de melhor diretor. Porém o prêmio daquele ano ficou com David Lean por “A Ponte do Rio Kwai” (também vencedor da categoria de melhor filme).

A história gira em torno de um julgamento em que um jovem porto-riquenho é acusado de matar o próprio pai. Dos 12 jurados, apenas o jurado N°8 (vivido por Henry Fonda) acredita na inocência do rapaz.

O filme é ambientado quase que exclusivamente em uma sala e Lumet cria e recria inúmeras nuances e atmosferas na narrativa. Segundo ele, as locações eram sempre personagens importantíssimas em seus filmes. E entre 4 paredes ele nos revela pouco a pouco a personalidade dos jurados, o que os levou a julgar o jovem culpado à princípio, e põe em confronto os seus (e os nossos) próprios preconceitos.

12_angry_men_lone_holdout
Cena de 12 Homens e uma Sentença

O trailer pode ser conferido aqui.

Suas tramas envolviam sempre algum teor social, nos afrontavam com dilemas morais e constantemente colocavam os espectadores na mesma encruzilhada das personagens.

Pode se dizer que Sidney Lumet, ao longo de sua carreira, se posicionou de forma antagônica à academia, o que se evidencia em uma de suas famosas falas sobre cinema: “O objetivo de todos os filmes é entreter, mas o tipo de filme em que eu acredito vai um passo adiante, compele o espectador a examinar uma faceta ou outra de sua própria consciência”.

Nos anos 70, ao lado de William Friedkin, Martin Scorsese e Brian De Palma, Lumet ajudou a definir uma geração hollywoodiana que sabia refletir sobre os filmes que fazia.

sidney-lumet_l
Sidney Lumet e Al Pacino no set de “Um dia de Cão” (1975).

Talvez por isso ele nunca tenha sido premiado por Hollywood, por ser demasiadamente visceral para seu tempo, por escancarar alguns temas que a indústria ainda não estava pronta para abordar.

Em Rede de Intrigas, outro de seus clássicos, é contada a história de um apresentador de telejornal (Peter Finch) que, ao saber de sua demissão iminente, comunica que cometerá suicídio ao vivo na exibição da semana seguinte. Com isso, ele acaba se tornando uma espécie de profeta e incomodando as pessoas responsáveis por sua ascenção. Uma brilhante análise do poder da mídia e da construção e desconstrução de um herói.

Abaixo, uma das cenas icônicas do filme de 1976.

O cineasta foi indicado ao Oscar 5 vezes, 4 por direção (12 Homens e uma Sentença, Um Dia de Cão, Rede de Intrigas e O Veredito)  e 1 por roteiro adaptado (O Príncipe da Cidade), não tendo vencido em nenhuma dessas ocasiões.

Porém, em 2005, 48 anos depois de seu filme de estreia, a Academia tentou se redimir lhe concedendo um Oscar Honorário.

Sidney-Lumet

Lumet comentou seu reconhecimento tardio em entrevista ao New York Times, no ano de 2007: “Eu queria um, diabos, e senti que eu merecia um.”

E merecia.

The-Fugitive-Kind-marlon-brando-32412965-356-512
Marlon Brando, personagem principal de “Vidas em Fuga”, 4° filme do diretor

Com 50 anos de plena produção, Sidney Lumet foi mais um dos grandes diretores que a Academia insistiu em ignorar, mas que deixou sua marca definitiva no cinema, desde sua estreia, com 12 Homens e uma Sentença, até seu último filme Antes que o Diabo Saiba que Você Está Morto (2007).

Sai sempre de casa com uma palheta, uma câmera e um livro.