São Paulo sem carro

Foi lançado neste último dia 29/10 o aplicativo “São Paulo sem carro”, por enquanto, só para IOS. Ele está em fase de desenvolvimento. A proposta é oferecer os mesmos recursos que os dos aplicativos para carro, mas com as alternativas a pé, bicicleta, transporte público e taxi. Quando fazemos uma pesquisa de itinerário, ele fornece as alternativas e, quando envolve gasto, o valor também é indicado.

Ao incluir o taxi, ele deixa claro o alvo: o automóvel como transporte privado e individual.

Sabemos que a cidade de São Paulo fez reiteradamente sua escolha pelo privilégio do automóvel. Quando, no começo do século 20, muitas cidades importantes do mundo investiam em metro, nossos políticos insistiram em asfaltar a cidade, canalizar seus córregos e cobri-los com pistas.

Mas a agenda mundial de sustentabilidade e qualidade de vida acabou por chegar por aqui. Não é fácil caminhar ou andar de bicicleta numa cidade feita de morros e com um trânsito violento e hegemônico. Cada acidente ou problema são usados como argumentos de ataque ao processo, mas os ganhos em todos os sentidos são tantos, que a tendência tende a se expandir.

Sem dúvida, nosso prefeito tem sabido explorar este filão, com a expansão inédita de ciclovias. Numa administração amarrada por falta de recursos, este tem sido um modo de ganhar visibilidade. Mas, independente do uso político ou do sucesso da estratégia, o fato é que a cidade tem sido ocupada de outras formas. E é necessário separar o processo de quem esteja contingentemente no poder, que sofre uma alternância natural na democracia.

Esta é uma das caras do século 21: a ocupação da rua, a saída dos casulos condomínios ou automóveis. Temos todos muito a aprender sobre a relação eu/outro na cidade. Mas para aprender é preciso ter a experiência continuada. E os meios digitais tem sido condições importantes para esta nova forma de mobilidade e cidadania.