Já estamos acostumados a não ter coisas – isto é, não ter uma versão material das coisas. Vendemos nossa alma há muito tempo atrás para empresas como Netflix e Spotify, que construíram negócios multi-bilionários baseados em uma taxa mensal que dá acesso a milhares de filmes e músicas, respectivamente. Nenhum aplicativo conseguiu fazer a mesma coisa com e-books, pelo menos ninguém antes de Oyster.

Oyster, uma start-up de Nova York, ficou conhecida na mídia ano passado quando anunciou a arrecadação de US$3 milhões pelo site Founders Fund (um tipo de Kickstarter), para a criação de um aplicativo que ofereceria “acesso ilimitado” à e-books. Quinta-feira passada eles finalmente anunciaram o lançamento do aplicativo de leitura para iPhone, que no momento, infelizmente, só pode ser usado se o usuário tiver um convite (que pode ser solicitado no site do app).

Com o app, usuários terão acesso a mais de 100.000 e-books, de centenas de editoras, incluindo grandes nomes como Houghton Mifflin Harcourt, Melville House e a gigante Harper Collins. A taxa para usar o serviço é de US$9.95 ao mês, e dá acesso ilimitado à toda seleção de e-books.

Co-fundador da Oyster, Eric Stromberg, diz que é essencial que um aplicativo desse tipo seja expert em produto, tecnologia e relacionamento com os usuários, de modo que tudo faça parte de uma estratégia de marketing fluida. Outros aplicativos de leitura de e-books, como o eReatah, apresentam uma estratégia de precificação diferente: US$16.99 mensais por dois livros ou US$33.50 mensais por quatro livros.

Assim como seus predecessores, Oyster não foca somente na interação usuário/aplicativo: os livros são divididos por gênero, e assim como o Netflix, usuários são apresentados com recomendações baseadas em seus gostos. Além disso, as opções de compartilhar o que está lendo e comentar nas atualizações de outros usuários também estão presentes – o app funciona como uma rede social, assim como GoodReads e a brasileira Skoob.

Os únicos problemas que o aplicativo pode encontrar são o preço e a seleção. Com 100.000 e-books diferentes, ele apresenta uma quantidade significável de clássicos e bestsellers modernos, mas lançamentos recentes são poucos. Mas isso é um problema encarado também com o Netflix, principalmente aqui no Brasil, em que a seleção de mídias ainda é um pouco escassa. E por mais que a mensalidade do Oyster seja um pouco mais cara que a do Netflix e do Spotify, um e-book custa, em média, US$8 na Amazon – uma relação custo/benefício justa se for considerado o acesso ilimitado à livraria do app.

De qualquer forma, é provável que o aplicativo funcione como a prova que a indústria editorial precisa para saber se e-books vão revolucionar os métodos atuais de leitura ou deixá-los no passado. O programa, no momento, só existe para iPhone, já que é mais comum as pessoas carregarem seu celular do que seus tablets e e-readers. A interface difere também de apps de leitura existentes: sem animações desnecessárias de páginas virando e com mais opções de customização de fontes. O projeto pretende expandir no futuro para tablets e e-readers, principalmente para o Kindle.

Mas e aí, quem tem um convite sobrando?

Julia. 20. Cursa comunicação social e resolve cubos mágicos. Leva personagens fictícios muito a sério.