O segundo dia da Roger Hatchuel foi tão intenso, que eu só consegui parar pra escrever sobre ele agora, 36 horas depois. No geral, o dia na academia é tão intenso, que não sobra tempo nem para o almoço e é difícil assimilar todas as conversas. É uma quantidade enorme de conteúdo. Nesse dia foram quatro palestras que por si só já valem a experiência (ainda houve uma quinta, mas essa não foi lá muito incrível, então eu vou mencioná-la bem por cima.)

A primeira palestra foi com a Pip Jamieson. Ela é uma inglesa, que foi diretora de conteúdo da MTV na Nova Zelândia por mais de dez anos. Nesse período ela sentia muita dificuldade de contratar bons criativos, já que o LinkedIn não traz portfólio, e assim ficava bem difícil de achar na internet. Foi ai que ela resolveu largar tudo, pegou o dinheiro que tinha guardado, voltou pra Inglaterra e fundou o The Dots.

Para quem não conhece, o The Dots juntas as funções de um Behance, com o Linkedin, e com funções de projetos compartilhados, tipo as que o Vimeo tem. Além disso tem uma frente de curadoria, onde bons trabalhos podem ganhar destaque na capa do site. A ferramenta já é a responsável por 67% das contratações no UK, e agora eles estão começando a focar em outros lugares do mundo também. A interface é super legal de usar, depois dessa palestra eu criei meu perfil, e recomendo pra quem está escolhendo onde hospedar o portfólio.

O mais interessante que eu tirei dessa palestra, foi a lição de se cercar de pessoas positivas, dificilmente a empresa teria dado certo, se o marido dela passasse o tempo todo reclamando e dizendo que não daria.

A segunda palestra do dia foi com o Rohan Rotary, planner do Twitter pro Sudeste Asiático e China. De cara, o que eu achei mais incrível foi uma analogia que ele fez entre a # e a fogueira. No início da civilização, as pessoas sentavam em volta de fogueiras para contar histórias; Agora essas histórias são contadas em volta de #.

O que se seguiu depois foi um papo bem motivacional, baseado nos principais atributos do twitter, entre eles, tem três que eu quero destacar.

1. Não existe fórmula mágica para evitar trabalho chato, mas todo job ruim tem que servir de inspiração para o próximo bom que te aparecer.

2. Perfeição é quando não existe mais nada para tirar. Quando você resumir e tirar a maior quantidade de itens desnecessários para contar uma história, então ela vai ser o mais perfeita possível (amanhã eu vou contar do método criativo da Pop Up, e eles tem uma metodologia toda baseada nisso).

3. A última coisa é, molde a cultura, se sua marca tiver poder para isso, ou seja parte da cultura, de movimentos nas redes sociais e tal. Não seja ausente, e também não force coisas que você não tem o poder. Afinal, publicidade serve para gerar sensação de pertencimento.

A terceira palestrante do dia foi a Senta Slingerland. Eu recomendo fortemente que vocês busquem por ela no Google, porque o número de coisas incríveis que ela fez deixariam esse texto longo demais, mas só pra dar uma palhinha, ela é a criadora do Glass Lion.

A palestra dela foi para falar sobre o método de trabalho da Mesa. Eu não conhecia ainda essa empresa, que originalmente é brasileira, e já tem sede na Europa e nos EUA. A ideia por trás da Mesa é, até a metade do século, relações de sociais e de trabalho vão ser ainda mais diversas (65% das crianças que estão entrando na escola esse ano vão trabalhar em cargos que ainda não existem). E em um mundo tão diverso, homens brancos não podem continuar criando junto com outros homens brancos, para vender para mulheres negras, latinas e pobres.

Para solucionar esse problema toda vez que a Mesa pega um projeto, eles selecionam pessoas relevantes ao contexto do job, e as sentam numa mesa para executar o projeto. O objetivo é simples, em 7 dias, resolver o briefing e entregar um protótipo pronto para o cliente. Aqui tem um link para um dos cases que a Mesa fez. Um ponto legal aqui é, o quanto as agências tradicionais de propaganda estão sendo boas em moldar cultura, e estão sendo tão ruins em moldar sua própria cultura interna, o processo criativo ainda continua sendo muito restrito a pessoas que pouco sabem o dia a dia da audiência.

Por fim, para fechar esse dia, tivemos o Glen Cole, co-CEO e fundador da 72andSunny. O cara foi diretor de criação da W+K por mais de 10 anos, cuidando de contas como Nike, e saiu para fundar essa agência uns 14 anos atrás. O trabalho deles é impecável, para dizer o mínimo, o papo foi basicamente em cima do rolo da agência, que tem clientes como Google Adidas e muito mais.

O Glen veio com quatro dicas de processo criativo bem legais. A primeira dela é, ache alguém com quem você se sinta bem criando, se a sua dupla criativa te limita, e você tem medo de contar ideias, você está duplando com a pessoa errada. Depois que você achou a pessoa certa, ache os 20 minutos que você é mais criativo no seu dia, todo mundo tem um. Pode ser antes do banho, depois do almoço ou tomando café, ache esse momento e trabalhe nele! Ai que saem coisas incríveis. Se mesmo assim a ideia não aparecer, tome um tempo, sai para dar uma volta, ou alguma coisa. Criativos precisam entregar, lógico, mas ficar preso a uma mesa quando a ideia não vem, é o pior que pode acontecer.

A última dica dele foi, GO BIG, você nunca vai ter a verba que precisa, o melhor prazo ou o melhor diretor, então foque em ter ideias nota 11, se você quer que o produto final seja um nota 10.

O fim desse dia foi bem corrido, eu fui conhecer o estande do Facebook, e a noite a gente foi barrado para fora de uma festa na beira da praia que tocava de tudo, até música Brasileira, e terminamos a noite na festa do Shutterstock.

15672703_1294038727334326_2432296274751976186_nHenrique Sambi
Crio porque não confio em um mundo sem histórias. Nas redes sociais eu sou o @iquesambi

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