Você provavelmente não deve conhecer seu nome, mas se dava uma olhada nas capas das HQs na década de 90 quando ia à banca, com certeza já passou por alguma arte dele. Rob Liefeld é um polêmico desenhista de HQs, tendo trabalhado tanto para Marvel quanto para a DC, mas suas obras mais controversas foram publicadas pela Image Comics.

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Nascido em 1967 e decidido a seguir carreira profissional desenhando super heróis desde sua infância, Liefeld estava sempre copiando os traços de suas revistinhas favoritas. Após terminar o colegial e começar um curso de artes, foi convencido por um amigo a viajar até San Franciso para a Comic Con, para apresentar alguns de seus trabalhos para grandes editores que por lá estariam.

Lá apresentou seus trabalhos para Dick Giordano, editor da DC da época, que pediu que o menino lhe enviasse mais material pelo correio. Relutantemente, Liefeld também apresentou seu trabalho para o editor da Marvel, Mark Gruenwald, que já de cara o contratou para uma pequena participação em uma HQ dos Vingadores. Logo em Seguida foi chamado pela DC para ilustrar uma minissérie da dupla Hawk & Dove.

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Daí pra frente, o artista foi desenhando cada vez mais para as duas editoras, sendo considerado um dos talentos mais promissores dos quadrinhos à época. Não é difícil entender o motivo: com 2o anos o artista já desenhava para as duas maiores editoras de HQs dos Estados Unidos.

Em 1991, Rob Liefeld teve total liberdade para criar a nova revista de mutantes da Marvel, X-Force. A edição de estreia bateu o recorde de HQ mais vendida no mundo: foram 4 milhões de exemplares.

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Apesar do sucesso estrondoso, algumas das características mais marcantes (e alvo de críticas por parte de tantos desenhistas) já estavam presentes nessa capa, mas falaremos disso mais para frente.

Em 1992, Rob Liefeld e diversos outros artistas de renome, como Todd McFarlane, Jim Lee e Marc Silvestri, romperam com a Marvel e fundaram a Image Comics. Isso ocorreu devido ao repudio destes pela prática da editora de reter os direitos autorais sobre histórias, desenhos e personagens, transformando os autores em nada mais do que ferramentas.

Por meio da nova editora, os artistas podiam tanto conservar sua propriedade intelectual como ter maior liberdade para produzir material, uma vez que cada desenhista trabalhava independentemente em seu estúdio.

Foi pela Image que Rob Liefeld lançou uma de suas produções mais famosas: a série Youngblood.

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Apesar do grande sucesso, as críticas acerca da originalidade, tanto dos personagens quando das tramas, era duramente posta à prova. O grupo lembrava muito os Teen Titans, uma proposta rejeitada de Liefeld aos editores da DC.

Além de comprar briga com as grandes editoras durante grande parte dos anos 90, Liefeld também arranjava encrenca dentro da Image Comics. Com alegações que variavam de copiar trabalho de colegas até usar cheques da empresa para cobrir despesas pessoais, o artista deixou a editora em 96 e fundou com Jeph Loeb a Awesome Comics.

Pela nova editora, Liefeld passou a atacar para todos os lados. Depois das críticas de plágio de seus colegas e das rejeições pelas editoras, o desenhista chutou o balde e passou a copiar descaradamente heróis famosos, criando pastiches icônicos.

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(esse é o Agent America, sem nenhuma semelhança com o Capitão América além do escudo. Liefeld foi processado e Marvel ganhou)

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(esse é Smash e seu bordão é “Smash Smash!” nada a ver com o Hulk)

Desde 2000, quando a Awesome fechou devido à cisão com seu investidor principal, Liefeld voltou a desenhar para as grandes editoras, mas a aposta em um talento promissor se mostrou difícil: em quase 10 anos o traço do artista não evoluiu, seus pequenos desvios de anatomia e “atalhos” em cenários acabaram dominando praticamente todos os seus trabalhos.

Ok, já deu pra entender que o cara não é muito adorado no meio profissional, mas a legião de fãs que odeiam seu trabalho também não é pequena. Em 2009 um fã irado invadiu uma mesa de autógrafos e, além de xingar Liefeld de tudo quanto é palavrão por ter estragado seus heróis nos anos 90, jogou na sua frente uma edição de How to Draw Comics the Marvel Way (um guia escrito por Stan Lee e Joh Buscema sobre desenhar super heróis).

Muitos acusam Liefeld de ser um péssimo desenhista. Seu “escorregão” mais famoso é a ilustração do Capitão América para o cross over (encontro de diferentes universos de heróis) Heroes Reborn.

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Bem, os problemas anatômicos aqui são um tanto quanto óbvios. As piadas sobre os peitos do coitado do América inundam a internet até hoje.

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Para se poder apreciar de maneira mais adequada as idiossincrasias do desenho de Liefeld, aqui vai uma rápida lista de seus absurdos:

1. Problema com pés (ou a ausência proposital deles, como na capa de Youngblood)

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2. Não existem cenários (também na capa do Youngblood e, de quebra, pezinhos pequenos ou estrategicamente escondidos)

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3. Braços Curtinhos

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4. Caras Iguais

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5. Armas gigantes

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6. Peitos exagerados e fora de perspectiva

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7. Anatomia Anatomia!

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E, pra terminar uma arte recente de Rob Liefeld, com um pouco de cada uma das características acima:

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Minha barba. Minha vida.