Criatividade pode ser medida? Quão acurado é isso? É só uma baboseira para vender mais cursos à distância ou workshops para estudantes nos finais de semana?

A verdade é que. sim, até certo ponto, a criatividade pode ser medida. Pelo menos em termos aceitos e documentados pela academia. O teste de criatividade, chamado TTCT, sigla em inglês para “Teste de Torrance para Pensamento Criativo”. Curioso pensar que, embora menos conhecido do que testes de QI, crianças com pontuação alta no TTCT são estatisticamente mais propensas a obterem realização profissional em suas vidas do que crianças com QI alto.

O teste consiste em tarefas divididas em 3 etapas: tarefas verbais com estímulo verbal, tarefas verbais com estímulo não-verbal e tarefas não-verbais.

O teste possui 5 parâmetros analisáveis: fluência, que analisa a quantidade de ideias relevantes geradas no teste; originalidade, que mede a raridade estatística das respostas dadas; abstração, que mede quão longe das informações dadas as ideias chegaram; elaboração, a quantidade de detalhes do processo; e resistência ao fechamento precoce, que mede quão longe o candidato foi após ter sua primeira ideia.

Dentre as diferentes tarefas do teste, um bem famoso é o “Complete o Desenho”, cujos fatores analisáveis são bem visíveis. A tarefa consiste em “completar” formas abstratas simples previamente dadas dentro de um espaço definido. Quanto menos comum for o desenho, menos próximo das associações mais diretas com a forma, mais pontos vale. Os resultados são bastante interessantes:

TTCT

O teste lembra muito trabalhos que têm aparecido pela internet em que pais ilustradores e designers “completam”os desenhos dos filhos. Um exemplo recente é este da artista canadense Ruth Oosterman. Sua filha faz rabiscos com canetinha que serão depois preenchidos pela colorida aquarela da mãe.

ruth_3 ruth_2 ruth_1

 

Os resultados de Oosterman são bem legais e vemos muito disso na Internet, mas a realidade, a grande maioria com que vemos no dia a dia, não é tão animadora.

O teste é realizado em diversas escolas nos Estados Unidos desde os anos 70 e o nível de criatividade vem diminuindo. É curioso como o QI sobe de maneira proporcional.Essa tendência é chamada Crise de Criatividade e é um fator bastante temido e estudado pelos cientistas.

Estariam as crianças de hoje recebendo mais estímulos pragmáticos e utilitaristas, que incentivam a resolução de problemas lógicos, mas perdendo os estímulos criativos, que permitem a busca e utilização de elementos e ferramentas de diversas áreas não-relacionadas para a resolução de problemas?

Alguns países tornaram o declínio da pontuação em testes de criatividade um problema a ser combatido, como é o caso do Reino Unido. A explicação mais comum para essa queda generalizada costuma ser o excesso de horas em frente à TVs e aparelhos eletrônicos.

A questão que fica é: será que isso é reflexo do comportamento das crianças apenas ou é, na verdade, fruto da relação cada vez menos estreita e direta que os pais estabelecem com as crianças, onde uma tela acaba por ocupar o tempo e a mente da criança para que esta “fique quietinha no seu canto”?

Minha barba. Minha vida.