Imagine você em meados de 1903, indo ao cinema e, ao fim do filme, o vilão do longa aponta uma arma para a tela e atira repetidamente em direção à plateia. Pode parecer normal em pleno 2016, mas no começo do século passado, “O Grande Roubo de Trem” foi um dos primeiros filmes à quebrar a quarta parede.
Esse termo surgiu no teatro onde era comum os cenários possuírem parede laterais e a de fundo, enquanto a que ficaria entre o mundo ficcional e o público é apenas imaginária, ou seja, toda vez algum personagem está ciente de que o que está inserido em uma obra de ficção essa parede é quebrada.
A técnica não é nova, sendo usada desde as comédias e tragédia gregas, passando por diversas obras de Shakespeare – principalmente com Iago em Otelo – chegando ao cinema moderno com em Deadpool.
Essa interação entre personagens e expectadores é utilizada em diversas situações: em Annie Hall, Woody Allen tem uma discussão com outro personagem aos olhos da plateia e separadamente do enredo proporcionando um alivio cômico e uma certa proximidade com o protagonista.
Tanto na versão americana como na britânica, Frank Underwood (ou Francis Urquhart) usa a técnica como uma maneira de nos manter do seu lado e de modo educacional, explicando como a hierarquia política funciona.
Em Spaceballs, os personagens procuram saber o fim da trama do longa assistindo uma fita do filme que está sendo gravado.
Seja qual for a função da técnica, ela mostra que o público não precisa esquecer que está assistindo uma obra de ficção para se sentir imerso na história, as vezes, a melhor maneira de fazer com que isso aconteça é o convidando diretamente.
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