Se você pinta, escreve, toca, canta, dança, fotografa ou produz qualquer outro tipo de arte, deve ter tido muita dificuldade para continuar criando enquanto o mundo caía aos pedaços no último ano. Tentando constantemente superar as adversidades de um 2020 em chamas, a artista Zhong Lin desafiou a si mesma a criar 365 retratos para cada dia caótico da pandemia.

Lin começou sua carreira em produções cinematográficas. Seus trabalhos já foram exibidos na Vogue britânica, Harper’s Bazaar, ELLE, W Korea e L’Officiel, entre outras. Quando não está no set de filmagens de editoriais ou campanhas de moda, Lin viaja para tirar retratos pessoais e imagens sobre estilos de vida. Nascida na Malásia, a fotógrafa acabou se vendo presa em Taiwan devido às restrições de viagem ocasionadas pelo coronavírus, quando começou a tirar do baú algumas ideias. 

“Embora a pandemia me impeça de viajar para lugares diferentes como antes, estou feliz por ter iniciado este projeto em Taiwan porque a vida diária aqui não foi muito afetada pelo vírus. Em Taiwan, as pessoas ainda podem sair de casa, viajar para o  interior e levar a vida normalmente, mas com mais cautela.”

Antes de começar o ‘Projeto 365’, como ela o havia intitulado, Zhong Lin estabeleceu algumas regras:  tinha de ser um retrato por dia, inédito, espontâneo, sem definições, limitações ou barreiras (de restrições já temos de sobra aqui fora). 

O trabalho provocativo da fotógrafa foi finalizado em Abril desse ano e funde elementos da natureza e do surrealismo – flores parecem brotar de suas modelos, enquanto tecidos flutuam ao redor de seus corpos, colorindo-os das maneiras mais extraordinárias. Inspirada por seu amor pela ópera chinesa, as modelos às vezes são maquiadas com rostos elaborados e empoados, assumindo poses teatrais e habitando cenários fantasiosos. As imagens vibram em cor e signos que vão além da nossa imaginação, surpreendendo qualquer um que entrar em contato com as obras.

“Todos nós devemos reservar um tempo para criarmos, para deixar escapar aquelas vozes presas dentro da gente… Para que possamos ser nós mesmos”, disse ela.

Sobre o projeto, Lin compartilha: “Todo visual começa em uma página em branco. Aprendi que não existe certo ou errado na criatividade. As pessoas geralmente se colocam em certas categorias, para conseguir fazer parte de algo, mas não é como eu enxergo. ”

Ao longo deste projeto, Lin vai além de sua linguagem estética usual, postando diferentes ângulos e perspectivas na tentativa de canalizar seu interior. “Sabendo que todas as possibilidades são minhas para descobrir e suas para relacionar, colocarei meu trabalho nas mãos do público, esperando que minha perspectiva se torne a sua”, diz ela. “Assim como todo visual surge do nada, este projeto pode se tornar algo ilimitado para tudo o que esperamos.” 

Você pode conferir mais do ‘Projeto 365’ aqui

Construindo minha odisseia com palavras que encontro por aí