Os documentários sempre foram populares entre pessoas que se interessavam por saber todos os aspectos da verdade. Por volta dos anos 80, no entanto, surgiram os mocumentários, que satirizavam esse gênero de filme ao contar, usando o mesmo formato, histórias falsas ou engraçadas para entreter o público. Um dos exemplos mais famosos de mocumentário é o filme O Que Fazemos Nas Sombras, que narra o dia a dia de quatro vampiros na Nova Zelândia enquanto lidam com humanos indesejados e outros seres paranormais.
Este filme fez tanto sucesso que os produtores Taika Waititi e Jemaine Clement produziram um spinoff em formato de série, chamado Wellington Paranormal, que conta a história de dois policiais que cruzam com os vampiros em alguns momentos do filme. Os policiais Minogue e O’Leary são perseguidos por uma câmera enquanto resolvem casos comicamente sobrenaturais no melhor estilo The X-Files. Nas próprias palavras do policial Minogue “somos um pouco como Mulder e Scully. Ela é como Scully porque é o cérebro das situações, e eu.. sou um homem de cabelo castanho”. Confira o trailer da série:
Cada episódio vai ter cerca de 30 minutos, com uma criatura em foco por vez, fato que principalmente abre novas portas para explorar esses monstros (que incluem zumbis, lobisomens, fantasmas e os mais diversos alienígenas) mais profundamente, incluindo as personalidades e preferências deles, e há vezes em que a série foca muito mais nisso do que na resolução do crime em si.
Além disso, a comicidade vem do fato que, enquanto as mais famosas séries policiais trazem protagonistas que são os melhores em suas áreas (é só pensar em profissionais como a própria Dra. Bones em Bones é uma renomada antropóloga forense), a maior preocupação dos oficiais O’Leary e Minogue não é o currículo, e sim a habilidade de conseguirem sobreviver mais um dia sem sofrer nenhum dano paranormal. Em adição a isso, embora o par de policiais seja um homem e uma mulher, não há rivalidade tampouco uma tensão romântica mal resolvida, que muitas vezes é um enredo recorrente em outras séries.
O humor da série é muito parecido com o de O Que Fazemos Nas Sombras, no sentido de que os momentos de tensão são únicos e o que se segue após eles são engraçados na medida certa. Um exemplo é um momento em que os policiais vão investigar uma casa após receber várias reclamações de barulho, e o que se descobre é que lá vivem fantasmas que estão presos na mesma festa desde 1970. No mesmo episódio, Minogue e O’Leary precisam contar para os fantasmas que eles estão mortos há anos, e a notícia os deixa extremamente chateados.
Por fim, mas talvez a parte mais importante sobre a produção de Wellington Paranormal, é que Taika Waititi colocou o ator Maaka Pohatu para fazer parte do elenco como o capitão da delegacia, ela abriu portas para toda a comunidade Māori ser representada em produções de Hollywood, uma vez que essa cultura especialmente faz parte do dia a dia neozelandês. Essa escolha faz parte de um projeto muito maior de inclusão dos diretores da série, que também incluíram minorias em longas de sucesso como Thor.
Seja pela inclusão, pela boa comédia, pelo apelo ao universo paranormal, ou apenas porque você gosta de documentários, dê uma chance a Wellington Paranormal e a tudo que essa série representa – ou passará a representar muito em breve.
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