Conversamos com o dinossauro da produção sonora publicitária e dono da produtora Play It Again, Tula Minassian, confira boa parte da conversa:
Necessidade de marcas sonoras
As marcas estão buscando se diferenciar da concorrência, afinal a imagem esta cada vez mais não suficiente, ou seja, a marca sonora se torna uma ferramenta agregada para diferenciação.
Como funciona o briefing de marcas sonoras
A princípio, na maior parte das vezes, ainda mais alguns anos atrás, a sugestão de uma marca sonora sempre esteve ligada aos produtores de som, e não partindo do cliente, sendo este um trabalho corriqueiro dos produtores, e em alguns casos surgia alguma marca ou assinatura sonora nos comerciais, portanto foi espontaneamente se criando. A partir disso, o mercado foi percebendo que as vezes não era preciso falar nada para ser lembrado, apenas um som, e isso não tem valor mensurável, mas com certeza é enorme.
Ou seja, não passa pelo atendimento ou pela criação da agência, pois não é um pedido possível de se objetivar num papel ou documento – eu quero uma marca sonora tal e vamos caminhar para isso.
Hoje em dia, esta ideia esta partindo cada vez mais dos anunciantes, que estão demandando isso das agências, no entanto, na agência a criação resiste bastante, pois eles não tem muita participação na criação deste tipo de material. A partir disso, esta acontecendo algo muito perigoso no mercado, alguns produtores estão oferecendo o serviço de marcas sonoras, jingles ou trilhas, como projetos prontos em power points, ou seja, oferecendo projetos prontos para um serviço sensorial e espontâneo, e no final não entregando o que havia sido prometido no papel, manchando a imagem deste tipo de serviço
Processo Criativo
No caso, acontece dentro do estúdio. Depois de produzir marcas como Havaianas, Vivo e Ypê, posso dizer que é uma virtude minha, sempre apoiei minha visão de som em algo que se associasse com o cliente, e este é um processo sensitivo. Por exemplo, a Sadia foi o único cliente que efetivamente procurou a Play desde o início, atrás de um tema musical que acompanhasse todos os filmes da marca e que tivesse uma assinatura musical concluindo isso, ou seja, esse pedido foi feito direto do cliente para a DPZ, e a agência teve a isenção de transferir essa responsabilidade para nós da Play, no caso a agência podia ter resistido e contornado, mas eles tiveram a visão de jogar junto e 10 anos depois ainda está entre nós e a Sadia virou um case.
Portanto, num caso como esse, a gente procura ouvir o cliente, sentir a necessidade e identificar o target, sendo assim, cada música tem um arranjo e um direcionamento que busque esse target.
No caso de marcas sonoras, isso se complica ainda mais pois é um processo totalmente “de orelha”, totalmente sensitivo, e saber se vai ou não funcionar.
Aprovação
A aprovação consiste basicamente tocar a marca sonora para os clientes, e se possível, apenas para eles ou para o menor número de pessoas possível. Por se tratar de um produto de um processo sensitivo, quanto mais opiniões envolvidas, menos objetivo fica o processo.
Equipe
Cada job é um job, cada produtor é um produtor, pra cada roteiro/pedido nós selecionamos os que mais se adequam.
No caso das marcas sonoras, é plausível passar o briefing separadamente para 5 produtores diferentes e cada um busca seu caminho, aumentando a qualidade criativa e a diferenciação nas ideias. Nesse tipo de trabalho, vale mais a criatividade do que o conhecimento musical.
Também existe o caso de buscarmos virtudes individuais, como foi o caso de procurarmos o André Abujanra para o job da Ypê, pois sabia-se da linha criativa diferenciada dele e que ele podia caminhar por uma linha de raciocínio diferenciada.
A base para selecionarmos músicos, produtores ou maestros, é sempre a adequação.
Núcleo de pesquisa
Foi formado para antecipar o erro, porque o tempo de produção é muito curto, no geral os trabalhos do dia a dia tem prazo de 4 a 6 horas.
Sendo assim, o roteiro chega e vai paralelamente para o núcleo, lá eles já separam um setup de referencias, ou seja, trabalham em paralelo com o atendimento, para economizar tempo e otimizar o processo
Com esse curto tempo de produção, perde-se qualidade criativa e aumenta a taxa de plágio, com o processo andando paralelamente, é possível buscar mais referências e mais “profundas”, evitando plagio e aumentando a qualidade criativa.
Foto por Alê Oliveira.
Mais informações sobre a Play It Again!
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