Fotografia

Pierre Verger, renascido Fatumbi

By Leo Amaral

November 17, 2014

Pierre Verger, fotógrafo nascido em paris de família belgo-alemã em 1902. Fatumbi, fotógrafo europeu conversador e viajador do mundo, apaixonado e interessado pela cultura africana, que lhe rendeu seu nome. Por incrível que pareça, esses homens na verdade são um só.

Verger perdeu o pai e todos os seus irmãos ao longo de suas primeiras décadas, enquanto sua paixão por fotografia crescia. Foi aos 30 anos que perdeu sua mãe, último laço familiar que o segurava na França. Verger se lança no mundo, fotografando e viajando.

Fatumbi, antes de ser Fatumbi, viajou entre Brasil e África, mais precisamente pela costa do Benin, seguindo os traços da cultura Iorubá, desenterrando os laços entre a cultura da Bahia e suas origens, advindas do tráfico de escravos.

Verger viajou de carona e bicicleta, sempre com sua Rolleiflex, por grande parte da Europa Oriental. Sua parceria com o Museu Etnográfico de Trocadero e sua ânsia por novas fronteiras o levaram ainda mais longe e dos mais diversos modos; em uma época em que aviões eram coisa rara, visitou as Antilhas, Estados Unidos, África Ocidental e até a Ásia, cujos retratos de um Japão ainda desconhecido no mundo são particularmente interessantes.

Fatumbi faz diversas viagens pela África, financiadas por Théodor Monod, do Instituto Francês da África Negra (IFAN), podendo então criar algo com seus mais de 2000 negativos e natural inclinação para a descrição documental. Entra, quase que por acidente, no mundo acadêmico da Etnologia e Antropologia, ciências que seriam sua paixão até o dia de sua morte.

Verger viaja pelo mundo e encontra em Salvador sua paixão: é o clima, as pessoas, a arquitetura, a cultura, os orixás… Sua vida de fotógrafo itinerante vai tendo menos viagens e mais Bahia. Seu interesse pelo Candomblé e pelo Xangô o fazem se voltar para as origens dessas religiões: o fotógrafo volta para a África dessa vez com objetivos bem diferentes.

Em 1953, Pierre Verger já é um grande conhecedor da cultura Iorubá, tendo começado seus estudos na Bahia, mas ainda se considera um tanto distante da mesma. É aí que Pierre Verger vira Fatumbi, “renascido para Ifá”, o fotógrafo recebe novo nome e os Orixás se tornam para sempre parte de sua história.

Pierre Fatumbi Verger compra uma casinha na Bahia em 1960 e por lá fica até o final de sua vida, sempre escrevendo e documentando sua relação com a cultura africana, bem como o encontro desta com a cultura europeia ocidental.

Ao longo de sua “segunda vida”, o fotógrafo exerceu a função de babalaô, sacerdote iorubá, Morreu em Salvador em 1996, em sua pequena casinha em Engenho Velho de Brotas. A Fundação Pierre Verger se encarregou de levar a cabo as pesquisas e trabalhos do fotógrafo, sendo referência para o estudo da diáspora africana para o Brasil e, talvez, para o mundo.