Paul Thomas Anderson é um diretor, roteirista e produtor estadunidense nascido em 26 de Junho de 1970 em Studio City, Califórnia.
Anderson cresceu na área de San Fernando Valley e começou o seu envolvimento com o cinema desde cedo, quando tinha 8 anos fez seu primeiro filme e aos 12 anos ganhou uma câmera Betamax de seu pai. Começou a escrever na adolescência e aos 17 anos passou a experimentar outros formatos de câmera. Depois de alguns anos de experiências, Anderson escreveu e filmou sua primeira produção “real” durante seu último ano na Montclair Preparatory School.
O pseudo-documentário chamado The Dirk Diggler Story (1988) é um curta de 30 minutos sobre uma estrela pornô e foi inspirado no ator John Holmes (veja o filme completo aqui). O documentário foi grande inspiração para o longa-metragem que consagrou o diretor quase 10 anos depois: Boogie Nights (1997).
Cena de “The Dirk Diggler Story”.
Por ser um estudante pobre no colegial, Anderson não conseguiu seguir para a universidade logo após se formar. Ao invés disso ele passou dois semestres no Emerson College como graduando em língua inglesa.
Anderson começou sua carreira como assistente de produção em filmes feitos para a televisão, videoclipes e game shows em Los Angeles e Nova Iorque. Depois de ganhar um pouco de dinheiro em apostas, ele juntou essa quantia a 10 mil dólares que seu pai separou para seus estudos e o cartão de crédito da sua namorada da época e decidiu fazer um filme que, segundo ele, seria a sua “universidade”.
Cigarettes & Coffee (1993), o filme feito com apenas U$20.000 conecta 3 histórias com uma nota de 20 dólares. O curta estreou no Festival de Sundance em 1993 e foi lá que o diretor iniciante conheceu Michael Caton-Jones (diretor de O Chacal e O Despertar de um Homem) que serviu como um mentor para Anderson. Segundo Caton-Jones, Anderson possuia talento e uma voz própria já formada, mas não tinha muita experiência, tendo assim lhe dado lições práticas de filmagem.
Abaixo, o curta completo.
Os longas
– Jogada de Risco (1996)
Sinopse: Um jogador expert ensina um iniciante em blackjack como se dar bem no jogo. Dois anos depois o veterano encontra seu pupilo, descobre que ele se tornou um excelente aluno, porém fez amizades perigosas.
– Boogie Nights (1997)
Sinopse: No final dos anos 70, o jovem Eric Adams (Mark Wahlberg) é descoberto pelo diretor de cinema pornô Jack Horner (Reynolds). Da noite para o dia, o garoto vira um astro do gênero e passa a fazer parte de uma verdadeira família que existe em torno da produção dos filmes de Jack Horner. Apesar do constante clima de festa, com drogas e música disco , eles também têm seus dramas, como o da atriz veterana Amber Waves (Julianne Moore), que não consegue a guarda de seu filho na justiça, e do próprio diretor, que sonha em fazer arte mas percebe a mediocridade de seu trabalho. O filme acompanha a ascensão e queda dessas figuras e o mundo turbulento em que vivem, com humor sarcástico e personagens humanos extremamente complexos.
– Magnólia (1999)
Sinopse: Big Earl Partridge (Jason Robards) é um produtor de TV à beira da morte que deseja reencontrar o filho. Phill (Phillip Seymour Hoffman) é seu dedicado enfermeiro e Linda (Juliane Moore), sua jovem esposa. Frank (Tom Cruise), é um célebre guru machista e o filho que Big Earl procura. Jimmy Gator (Philip Baker Hall) é o apresentador do famoso programa de TV que também está com câncer e procurando se entender com a filha Cláudia, uma garota cocainomaníaca. Stanley é um garoto-prodígio manipulado pelo pai oportunista. O ponto comum entre essa gente? Todos vivem num bairro de Los Angeles cortado por uma rua chamada Magnólia. Mas, antes que este círculo de personagens se feche, o espectador ainda terá muitas surpresas…
– Embriagado de Amor (2002)
Sinopse: Barry Egan (Adam Sandler) é um pequeno empresário que passa por dificuldades financeiras. Tendo sido criado ao lado de 7 irmãs, a infância de Barry foi difícil e repleta de abusos, deixando-o com medo de amar. Até que entra em sua vida Lena Leonard (Emily Watson), uma misteriosa mulher por quem Barry se apaixona. Mas para ficar ao lado de sua amada Barry precisará viajar para o Havaí e enfrentar uma quadrilha de mafiosos.
– Sangue Negro (2007)
Sinopse: Virada do século XIX para o século XX, na fronteira da Califórnia. Daniel Plainview (Daniel Day-Lewis) é um mineiro de minas de prata derrotado, que divide seu tempo com a tarefa de ser pai solteiro. Um dia ele descobre a existência de uma pequena cidade no oeste onde um mar de petróleo está transbordando do solo. Daniel decide partir para o local com seu filho, H.W. (Dillon Freasier). O nome da cidade é Little Boston, sendo que a única diversão do local é a igreja do carismático pastor Eli Sunday (Paul Dano). Daniel e H.W. se arriscam e logo encontram um poço de petróleo, que lhes traz riqueza mas também uma série de conflitos. (Com o papel de Daniel Plainview, Daniel Day-Lewis ganhou o Oscar de melhor ator daquele ano)
– O Mestre (2012)
Sinopse: The Master é um drama de época sobre a fundação de A Causa, uma organização religiosa criada por Lancaster Dodd (Philip Seymour Hoffman) nos anos 50, depois que ele testemunha o horror na Segunda Guerra Mundial. Plemons faz o filho de Dodd e Warshofsky interpreta um detetive. A trama enfoca principalmente Freddie Quell (Joaquin Phoenix), ex-alcoólatra que se torna aprendiz de Lancaster Dodd, mas começa a questioná-lo quando o culto ganha proporções de fervor cego. (Em nossa matéria dos 10 melhores atores que não levaram o Oscar lembramos que Joaquin Phoenix não levou a estatueta naquele ano. Mas deveria e muito.)
– Vício Inerente (2014) – Estreia no Brasil em 26 de Março
Sinopse: Quando a ex-namorada do detetive particular Doc Sportello aparece repentinamente com uma história sobre seu atual namorado latifundiário bilionário, por quem por acaso está apaixonada, e um plano da esposa dele com o amante dela para sequestrar o ricaço e colocá-lo em um manicômio… bem, é fácil pra ela falar. É o fim dos psicodélicos anos 60 e a paranoia está tomando conta do dia a dia, e Doc sabe que “amor” é só mais uma dessas palavras que está na moda no momento, assim como “viagem” ou “bacana”, que também estão sendo muito usadas por aí.
Tendo surpreendido o mundo do cinema aos 27 anos com a pérola que é Boogie Nights, Paul Thomas Anderson foi reconhecido como um prodígio e desde então nunca deixou de fazer jus a esse título. Seus filmes podem ser compreendidos como um estudo sobre a personalidade, a alienação e o sucesso.
Suas personagens parecem sempre estar em busca de algo que preencha suas vidas e, uma vez que suas metas são alcançadas, a angústia não vai embora. A angústia torna suas dores ainda mais presentes. O ator pornô em Boogie Nights que alcança a fama, o magnata do petróleo em Sangue Negro que se torna milionário e o ex-combatente em O Mestre que alcança a paz interior em uma seita e que descobrem que suas metas não eram nada mais que outra prisão (e onde só o último citado encontra uma saída).
Paul Thomas Anderson foi citado como o vigésimo maior cineasta estadunidense pelo American Film Institute, em 2012 o The Guardian colocou-o em primeiro lugar entre os 23 melhores cineastas do planeta e em 2002 o tóten do cinema sueco, Ingmar Bergman, citou Magnólia como um exemplo da força que o cinema estadunidense ainda possui.
Mesmo extremamente desiludido com o cinema ianque tenho de admitir que Anderson é um ponto fora da reta e com certeza uma das mentes mais criativas dessa geração de cineastas do século XXI. Minha dica é: Pegue algo pra beber, uma pipoca ou qualquer outra coisa e vá assistir a todos os filmes dele que ainda não viu.
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