O espaço já foi muitas vezes explorado pela mídia. Seja por jogos, filmes ou livros, cada um deles possui sua própria interpretação do que o cosmos nos esconde, podendo responder uma pergunta ou criar mais duas. 

Mesmo que você esteja na cabeça do personagem do livro, sentindo o que ele sente, você não consegue ver exatamente o que ele está descrevendo, podendo criar ambiguidades interpretativas. E nos filmes você tem a ambientação visual, mas a impessoalidade de não saber o que o protagonista está fazendo, logo não se conectando tanto com ele.

Mas jogos proporcionam uma experiência a mais do que as oferecidas pelas outras obras por possuírem o melhor dos dois mundos: imersividade e experiência visual. 

O único problema seria sua linearidade, a sequência de eventos que precisam acontecer para que a história prossiga e o verdadeiro final seja revelado.

Mas, é claro, há uma exceção.

Outer Wilds é um jogo de exploração espacial, mistério e investigação em um mundo aberto (ou melhor dizendo, sistema solar). 

O seu protagonista é o novo recruta da iniciativa Outer Wilds, um programa espacial criado para descobrir respostas sobre uma extinta civilização alienígena, os Nomai, em um estranho e dinâmico sistema solar. Pegue sua nave, voe pelo espaço, explore o inexplorado, mas seja rápido.

O sol vai explodir em 22 minutos.

Primeiro um estrondo e, logo depois, a luz. Obrigado por jogar Outer Wilds.

No entanto, logo após a luz da supernova te atingir, você acorda ao lado de uma fogueira em seu planeta natal, jurando que havia visto tudo o que conhecia ser consumido pela explosão. Você se lembra da sua viagem, registrou em seu diário de bordo. 

Você checa o dispositivo e sim, aquela viagem aconteceu, seus registros estavam ali. A explosão deve ter sido um pesadelo, você pensa enquanto assa um marshmallow na fogueira. Você e mais um conhecido riem do seu sonho, sobre sua impossibilidade até que, novamente.

Primeiro um estrondo e, logo depois, a luz.

Você acorda de volta à fogueira e percebe que está preso em um looping temporal infinito de 22 minutos. Isso precisa acabar, mas como?

Quando o ciclo recomeça, a única coisa que permanece são as informações adquiridas até então, permitindo a constante busca por uma solução e conhecimento.

A resenha (sem spoilers)

A primeira vez que joguei Outer Wilds foi na casa do meu namorado e foi só porque ele disse que era um dos seus jogos favoritos e eu queria deixá-lo feliz. 

Mal sabia eu o que me aguardava. 

Outer Wilds foi uma experiência fora da caixinha que não me arrependo, por mais que tenha suado para treinar meu referencial na hora de pilotar a nave.

Mas como diria Jack, O Estripador: Vamos por partes.

Os planetas

O sistema solar do jogo é composto por 6 planetas e alguns satélites.

Os dois mais próximos do Sol são conhecidos como Os Gêmeos — Cálido e Cinzento — por serem semelhantes entre si. Uma curiosidade sobre eles é que o Cinzento começa o ciclo cheio de areia e, conforme o tempo passa, seu “irmão” “suga” a areia para si até chegar ao ponto em que o primeiro irmão fique “pelado”. Então, para explorar o Gêmeo Cálido, você precisará correr contra a ampulheta, enquanto precisará esperar o Cinzento revelar seus segredos.

Logo depois, vem o Recanto Lenhoso, o planeta natal do nosso protagonista. Assemelha-se bastante com a Terra, com árvores, oxigênio, uma lua e uma população extremamente curiosa.

O próximo planeta é o Vale Incerto, ou como gosto de chamar, motivo da minha desgraça. Com uma lua vulcânica, o planeta é amaldiçoado a perder pedaços de sua crosta graças às bolas flamejantes. Abaixo da superfície, no entanto, se esconde uma pérola. Uma antiga cidade Nomai com muita história e um núcleo que é nada mais nada menos que um buraco negro (não se preocupe, você vai cair nele várias e várias vezes)!


Esses Nomai eram tão humildes…

O quinto planeta (se considerarmos Os Gêmeos como dois planetas individuais) é a Profundezas do Gigante. Se girarmos em sua órbita, veremos uma gigantesca bola verde de vapor, mas caso adentrarmos sua atmosfera, existe uma grande chance de sermos jogados de volta para o espaço. Os Gêmeos possuem sua dinâmica de ampulheta e o Vale Incerto é abençoado com um buraco negro e bolas de fogo, a Profundezas do Gigante possui um núcleo aquático cheio de ciclones em constante movimento que te arremessam para o espaço caso entre neles. No entanto, existem algumas pequenas ilhas que são seguras para pouso. Bem, até um ciclone passar por elas e jogá-las no espaço. 

Por último, mas não menos importante, o Abrolho Sombrio. Meus maiores sustos no jogo original (sem expansão) foram nesse lugar. Um “planeta” completamente instável e quebrado, com apenas um núcleo amadeirado cheio de galhos que prendem os destroços e um buraco esbranquiçado, cheio de névoa. Mas como ele ficou desse jeito? Sem dar spoilers, mas boa sorte quando entrar lá.

Existem outros lugares para se explorar, como os satélites e até um cometa (O Xereta). A Lua Quântica também é um lugar que não pode faltar no seu tour pelo sistema solar e tente não piscar para não perdê-la de vista. Ou pisque, mas ela não estará mais ali. Lugar é o que não falta para se explorar em Outer Wilds.

História

Entenda os Nomai de uma outra forma, descubra como chegaram ali e o motivo de sua extinção. 

Mas também descubra mais sobre sua própria espécie.

Seu próprio universo.

Outer Wilds tem facilmente uma das melhores narrativas em jogo que já vi (não só joguei). É incrível como você pode explorar os planetas e instalações na ordem que quiser e tudo se encaixar no final das contas. Nessas horas, o diário de bordo cabe como uma luva, servindo como mapa-mental de toda a lore adquirida durante o jogo. E não seja bobo como eu fui: preste atenção no que os personagens dizem, sejam eles gravuras na parede ou astronautas com uma gaita.

Bem, não é atoa que foi indicado para mais de 20 prêmios.

Trilha Sonora

Coloquei um tópico para a trilha sonora do jogo porque eu não conseguiria dormir em paz se não lhe desse um destaque especial.

Composta por uma única pessoa, Andrew Prahlow, todas as 51 músicas são obras de arte. Com uma melodia encantadora frequente durante sua jornada, a exploração se torna muito mais relaxante e embasbacante. Não é incomum adicionar alguma das músicas à sua playlist de meditação ou estudos.

Felizmente, Andrew conseguiu vencer o prêmio de Melhor Música para um Jogo Indie. 

Recomendações da autora: Travelers’ encore, 14.3 Billion Years e Outer Wilds (a música do menu de iniciar).

O desconhecido, nosso velho conhecido

Outer Wilds é um jogo que não segura na sua mão e te guia por aí. Você precisa solucionar os enigmas e desvendar os segredos sozinho. Mas não se preocupe, seu diário de bordo estará ali para ajudar os perdidos e mostrar onde está faltando informações. Talvez você precise esperar um novo ciclo ou aguardar mais um pouquinho para conseguir acessar uma parte.

Com uma história cada vez mais intrigante, o jogo se torna viciante e quando você vê, já está marcando horário com tatuador com um desenho do jogo. 

Baixe o jogo, disponível em várias plataformas e consoles, e desvende os segredos do Universo, conhecimento buscado pelos Nomai, mas nunca adquirido.