Com certeza você sabe que o Homem-Aranha, o Capitão América e a Mulher Maravilha vieram das histórias em quadrinhos antes de chegarem nas telonas, certo? Mas você já ouviu falar em Eightball, David Boring ou Ghost World? Nesse último sábado, dia 14, o quadrinista e ilustrador autor dessas últimas HQs e Graphic Novels, Daniel Clowes completou 57 anos de idade, e com isso são quase 30 anos desde que ele mudou a trajetória dos quadrinhos na cultura popular para sempre.

A história de Clowes com as HQs veio desde cedo, na época do ensino médio. Segundo o artista, gostar de quadrinhos naquela época era sinônimo de ser um perdedor, de ser patético, então ele sempre se sentiu sozinho, excluído. Para ele, desenhar era como escapar desses momentos de solidão pelos quais ele passava. Daniel então terminou o ensino médio e foi fazer faculdade de artes em Nova York, onde se estabeleceu e lançou sua primeira HQ autoral, chamada Lloyd Llewellyn.

As vendas passaram longe de serem um sucesso, e por um momento Daniel sentiu que havia perdido sua única chance de se lançar nesse mercado. No entanto, em 1989, ele publicou o segundo HQ, e esse mudou sua carreira para sempre: se chamava Eightball e era uma revista que misturava diferentes gêneros e diferentes tipos de traços, característica que surpreendeu os leitores e os deixou ansiosos por mais.

Depois de Eightball, Daniel Clowes se estabeleceu de tal maneira no mercado que resolveu se aventurar por outros caminhos, o que resultou em sucessos como Ghost World, uma graphic novel cujo enredo veio de uma das edições de Eightball. A história sobre amizades efêmeras e o fim da adolescência foi o primeiro trabalho de Clowes adaptado para o cinema e o rendeu o título de celebridade cult. Depois disso, o artista contou em relatos que as pessoas passaram a levar seu trabalho bem mais a sério.

Hoje, o trabalho de Clowes está sendo traduzido para mais de 20 idiomas, e todos eles contam histórias de personagens que, assim como o Daniel na adolescência, se sentem sozinhos, ou são perdedores, ou às vezes ficam tristes. Quando recebe críticas sobre isso, o quadrinista não se sente ofendido. Pelo contrário, parece celebrar o sucesso que seus personagens fazem, porque sempre diz que ele desenha o que ele sempre quis ler; logo, para ele, seus leitores nada mais são do que a confirmação de que no mundo existem pessoas que são tão esquisitas quanto ele, e essa é uma forma de lidar com a solidão que seu eu do passado sentia. Uma confirmação que pode ajudar muita gente por aí.

Os depoimentos do artista citados aqui e mais fatos sobre a sua carreira podem ser encontrados nesse vídeo, narrado pelo ator Woody Harrelson, que vai estrelar no filme Wilson, inspirado em outra obra de Daniel Clowes. Está curioso para assistir? Confira o trailer também:

 

eu toco teclado numa banda chamada internet.