Continuando nosso “Mês do Oscar”, ou o “Mês de quem recebeu o Oscar e não merecia”, as 10 melhores atuações masculinas (principais e coadjuvantes) que não receberam a estatueta da Academia.

(Essa lista reflete única e exclusivamente a opinião do autor e, como de praxe, o choro é livre nos comentários)

1 – Peter Sellers em Dr. Fantástico 

Personagens: Lionel Mandrake/Presidente Merkin Muffley/Dr. Fantástico (principal)

Quem levou a estatueta? Rex Harrison por Minha Bela Dama (Personagem: Professor Henry Higgins)

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Dr. Fantástico já figurou na lista da semana passada como filme que deveria ter faturado o Oscar daquele ano, mas ignorar a incrível atuação de Peter Sellers como TRÊS PERSONAGENS distintos para premiar um britânico fazendo um papel caricato em um musical é demais. É só comparar a atuação de Rex (veja aqui) com a de Peter (conversando com ele mesmo, diga-se de passagem):

 


2 – Al Pacino em O Poderoso Chefão: Parte II 

Personagem: Michael Corleone (principal)

Quem levou a estatueta? Art Carney por Harry, o Amigo de Tonto (Personagem: Harry Combes)

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Al Pacino é um dos maiores atores da história do cinema e isso é inegável. Nesse caso a Academia preteriu sua atuação como Don Michael Corleone para premiar o já veterano Art Carney por sua belíssima atuação como Harry, um senhor que tem seu apartamento demolido e acaba cruzando os E.U.A. com seu gato de estimação, Tonto, em uma viagem cheia de redescobertas.

De qualquer maneira, aqui ficamos com Al Pacino e eu lhes digo o motivo em uma cena:

“I know it was you, Fredo.”

 

3 – Robin Williams em Bom Dia, Vietnã 

Personagem: Adrian Cronauer (principal)

Quem levou a estatueta? Michael Douglas por Wall Street – Poder e Cobiça (Personagem: Gordon Gekko)

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De um lado minha performance preferida do gigante Robin Williams e do outro o vencedor Michael Douglas (cujo ápice da carreira, além desse Oscar, foi casar com Catherine Zeta-Jones).

Robin Williams encarna Adrian Cronauer, um homem que acaba sendo recrutrado para comandar um programa de rádio das forças-armadas estadunidenses no Vietnã e, do outro lado, Michael Douglas personifica a frieza e crueldade do mundo de Wall Street como o magnata Gordon Gekko. Ficamos com Robin Williams, pois:

 

4 – Daniel Day-Lewis em Em Nome do Pai 

Personagem: Gerry Conlon (principal)

Quem levou a estatueta? Tom Hanks por Filadélfia (Personagem: Andrew Beckett)

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Eu costumo dizer que se eu tivesse Daniel Day-Lewis no elenco do meu filme eu precisaria de uma câmera e de um quarto branco com uma cadeira pra ele se sentar. Ele é fantástico! (E o único ator até hoje a ganhar 3 Oscars como ator principal, seriam 4 com esse, mas vamos tirar um prêmio dele mais para frente nessa lista)

Em Nome do Pai: Daniel Day-Lewis vive um rebelde irlandês que acaba sendo preso injustamente por um atentado do IRA, quando seu pai (Peter Postlethwaite), vai para a Inglaterra tentar livrá-lo da prisão, também acaba sendo preso. Na cadeia ele acaba se aproximando de seu pai e também conhecendo o verdadeiro autor do atentado.

Filadélfia: Tom Hanks é o advogado Andrew Beckett que, apesar de extremamente competente, acaba sendo demitido de uma grande empresa de advocacia quando descobrem que ele é homossexual e começa a manifestar os primeiros sintomas da AIDS. A partir disso, Beckett busca um advogado para defendê-lo em um processo contra a empresa.

Andrew Beckett é com absoluta certeza o maior papel da carreira de Tom Hanks, mas na maior parte do filme a personagem acaba sendo anestesiada, passiva e até inexpressiva, devido às suas condições. Enquanto isso Daniel Day-Lewis incorpora a insanidade do cárcere, parte em defesa de seu pai e passa até por uma nuance hippie-beatnik pelas drogas e o amor livre. Aqui, ficamos com Daniel, mas não custa lembrar dessa belíssima cena de Filadélfia:

 

5 – Samuel L. Jackson em Pulp Fiction – Tempo de Violência 

Personagem: Jules Winnfield (coadjuvante)

Quem levou a estatueta?  Martin Landau por Ed Wood (Personagem: Bela Lugosi)

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Argumentos que sustentam a escolha deste que vos escreve:

1 – A personagem Bela Lugosi, vivida por Martin Landau, é esquisita e extremamente caricata. Enquanto isso, Jules Winnfield é basicamente um maníaco.

2 – Assista ao trecho abaixo para não ter dúvidas de que premiaram o cara errado.

“Does he look like a b!tch?”

6 – Anthony Hopkins em Nixon 

Personagem: Presidente Richard Nixon (principal)

Quem levou a estatueta? Nicolas Cage por Despedida em Las Vegas (Personagem: Ben Sanderson)

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– Nicolas Cage é um ator mediano e interpreta suas personagens de maneira mediana na maioria das vezes. Em Despedida em Las Vegas está uma exceção. Como um dramaturgo recém demitido de Hollywood por causa de seu alcoolismo que planeja ir a Las Vegas para beber até morrer, lá ele conhece Sera (Elisabeth Shue) uma prostituta com quem ele começa um estranho relacionamento.

– Anthony Hopkins retrata de maneira extremamente fiel as preocupações, inseguranças e até os tiques inquietos de Richard Nixon na época do famoso caso de Watergate, um escândalo de espionagem em seu governo que fez com que ele fosse o único presidente estadunidense a renunciar seu cargo.

Se assistirmos aos discursos reproduzidos no filme de Oliver Stone e compararmos com o original, notamos a semelhança inegável entre a personagem de Hopkins e o próprio Nixon. Portanto ficamos com ele.

 

7 – Edward Norton em As Duas Faces de um Crime

Personagem: Aaron Stampler (coadjuvante)

Quem levou a estatueta? Cuba Gooding Jr. por Jerry Maguire – A Grande Virada (Personagem: Rod Tidwell)

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Sabe um filme hollywoodiano que atende a todos os clichês? Esse é Jerry Maguire – A Grande Virada com sua história de superação de um agente esportivo que larga uma grande companhia e fica com um único cliente (Cuba Gooding Jr. em uma divertida atuação como um jogador de futebol americano).

Agora sabe um filme hollywoodiano que tinha tudo pra seguir todos os clichês mas que tem um ator que vira tudo isso de ponta-cabeça? Esse é Edward Norton em As Duas Faces de um Crime, vivendo um garoto acusado de assassinar um arcebispo de Chicago e que é defendido por um advogado (Richard Gere) que começa a descobrir fatos obscuros relacionados a esse crime.

Da insegurança de uma personalidade até a violência da outra, ficamos com Edward Norton:

 

8 – Sean Penn em I Am Sam (Me recuso a chamar o filme de “Uma Lição de Amor”, como manda a tradução)

Personagem: Sam Dawson (principal)

Quem levou a estatueta? Denzel Washington por Dia de Treinamento (Personagem: Alonzo Harris)

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O Oscar tem uns anos com fraquíssimas atuações e acaba premiando atores medianos, mas em outros anos tem 3 gigantes competindo pela estatueta: Nesse caso foram Denzel Washington por Dia de Treinamento, Russel Crowe por Uma Mente Brilhante e Sean Penn por I Am Sam.

Quem ganhou a estatueta foi Denzel por sua atuação como um policial corrupto do departamento de narcóticos, mas Sean Penn interpretou um homem com atraso cognitivo que luta pela guarda de sua filha em um filme que faz qualquer metido a machão (inclusive este que vos escreve) chorar como uma criança. Veja:

 

9 – Joaquin Phoenix em O Mestre 

Personagem: Freddie Quell (principal)

Quem levou a estatueta? Daniel Day-Lewis por Lincoln (Personagem: Abraham Lincoln)

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Como dissemos ali em cima, o Newronio dá com uma mão e tira com a outra: De um lado, Daniel Day-Lewis como Abraham Lincoln que, em um filme morno do superestimado Steven Spielberg, tenta aprovar uma emenda que abolirá a escravidão em seu país e do outro, Joaquin Phoenix vive um alcoólatra veterano da Segunda Guerra que acaba se envolvendo com um culto chamado “A Causa”, liderado por Lancaster Dodd (Philip Seymour Hoffman), em um filme do brilhante Paul Thomas Anderson.

Aqui ficamos com Joaquin Phoenix porque ele é simplesmente mais convincente:

 

10 – Leonardo DiCaprio em O Lobo de Wall Street

Personagem: Jordan Belfort (principal)

Quem levou a estatueta? Matthew McConaughey por Clube de Compra Dallas (Personagem: Ron Woodroof)

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Chegamos no óbvio: Até quando a Academia vai ignorar esse cara?

De um lado DiCaprio encarna, com todas as nuances (do inocente sem grana ao junkie milionário), um corretor da bolsa de Nova Iorque e do outro, Matthew McCounaghey é um eletricista diagnosticado com AIDS que passa a contrabandear medicamentos alternativos não aprovados pelos E.U.A. e vendê-los para portadores da doença, formando o Clube de Compra Dallas.

Matthew foi muito, muito bem nesse papel (a cena em que ele chora no carro comprova), mas DiCaprio foi épico. Simplesmente épico em todas as nuances. (Sem contar que a Academia está em débito com ele)

Aqui, ficamos com DiCaprio.

Curiosamente, foi McConaughey que o ensinou esse canto que ele entoa na cena (veja aqui).

UM BREVE BÔNUS

Empate 1: Al Pacino em Perfume de Mulher (vencedor); Denzel Washington em Malcom X

A-Single-Man copy copyÀ esquerda, Al Pacino como o tenente-coronel Frank Slade e, à direita, Denzel Washington como Malcom X.

De um lado o brilhante Al Pacino vive um militar alcoólatra e cego na iminência de um suicídio e do outro Denzel encarna o ativista Malcom X em uma performance igualmente genial. É empate.

Deixamos aqui a cena da dança de Al Pacino:

 

Empate 2: Jeff Bridges em Coração Louco (vencedor); Colin Firth em Direito de Amar

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À esquerda, Jeff Bridges como Otis “Bad” Blake e, à direita, Colin Firth como George Falconer.

Jeff Bridges é um famoso e decadente cantor country enquanto Colin Firth vive um professor que perde seu parceiro e procura razões para continuar.

Aqui, um trecho de uma performance ao vivo de Jeff Bridges cantando uma música do filme, que explicamos com um chavão da internet: Você pode ser legal, mas nunca vai ser mais legal que o Jeff Bridges cantando country.

 

Para terminar, um lembrete para a Academia. Se algum dia não souber quem premiar, é só lembrar:

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Sai sempre de casa com uma palheta, uma câmera e um livro.