#Comportamento por Luiz Filipe Motta.
A globalização não é algo tão novo. Especialmente se considerarmos o aproveitamento multitarefa do tempo, criado, entre outros fatores, pela própria globalização. Entretanto, é inquestionável que a integração entre os vários países do mundo nunca foi tão intensa. Há apenas algumas décadas, a distância geográfica determinava o nível de interesse, em termos culturais e de política externa, de um país pelo outro, algo que soa extremamente obsoleto num tempo em que animes e filosofias orientais se espalham pelo mundo, em que restaurantes tailandeses e árabes se proliferam por todas as pequenas e grandes cidades, em que o mundo negocia em inglês, e em que um fenótipo pouco diz sobre o local de nascimento do indivíduo.
Essa convivência cultural e étnica, no entanto, provoca reações diversas. Se o mundo dos negócios agradece, o mundo da política tem lá suas ressalvas. Uma parte da Europa sucumbe a um nacionalismo xenofóbico como uma esperança dos puristas de “salvar” a cultura de seu país das influências estrangeiras, além da questão sobre os imigrantes estarem “roubando” os empregos dos jovens europeus. Outros países se abrem de tamanha forma à influência cultural que vivem um momento de questionamento identitário, como prova a chamada Primavera Árabe, um movimento revolucionário que tem vivido momentos e decisões bastante contraditórios recentemente.
Essas observações trazem consigo uma pergunta: qual é o papel da comunicação nesse cenário? Ora, basta lembrar-se das bases do desenvolvimento da globalização para responder a essa pergunta. O intercâmbio cultural em seu auge só é possível devido à evolução dos meios de comunicação. Portanto, é natural que a comunicação aborde essa temática. Duas propagandas que tocaram direta e/ou indiretamente esse tema chamaram a atenção. A primeira é uma propaganda da União Europeia:
Para uns, uma tentativa de convencer o povo europeu de que a crise não afetará o protagonismo do continente nas relações internacionais. Para outros, uma ode quase bélica à xenofobia. Pelo que se vê nas eleições do Velho Continente, ambas as opções são válidas e coexistentes como realidade.
Já a segunda peça é um comercial da Adidas confeccionado para glorificar a Seleção Venezuelana de Futebol:
O vídeo mostra um garoto que reconhece toda a influência e a importância brasileira no mundo do futebol, mas termina ressaltando que sua paixão pelo país natal supera a idolatria por Kaká. Bonito, e ainda mais belo se levado para um campo político. O Brasil, como principal player da América do Sul, exerce influência enorme e inegável sobre os outros países do continente. A propaganda diz essencialmente que os países influenciados desejam agora decidir por si mesmos e assumir sua identidade.
Pouco importa se, no caso específico da Venezuela, o governante é reprovado veementemente pelo mundo político. Em verdade, o que importa é a mensagem dos players de menor destaque na política e na economia mundial: ”somos quem somos, assim viveremos”. Mensagem esta que é semelhante à da Europa, por exemplo. Mas num tom muito mais sutil (no caso do comercial da Adidas, e não do discurso de Chávez contra o Imperialismo Americano) e até agradecido do que o “cerco aos inimigos forasteiros” da infeliz propaganda da União Europeia.
Novamente, é fácil perceber que a comunicação comercial é também a voz da verdade: apenas tem um jeito bastante peculiar de se fazer ouvir.
A AIESEC disse pra você seguir o vizinho @NewronioESPM.