By David Carrião
Uma obra que incorpora para si o arquétipo da simplicidade, em que todos seus aspectos envolvem o simples, desde os meios técnicos do filme, como o traço da animação, as suas músicas que se usam do gênero noise music, até a forma que somos apresentados aos personagens, suas vidas, o que os envolve e suas motivações.
Como o próprio título da obra diz, o filme é sobre música. No qual somos introduzidos a delinquentes de uma escola, que são nossos protagonistas, que tem uma vida pacata, sem motivações, expectativas e nem sonhos. Que apenas são levados à deriva de suas vidas, fugindo de suas obrigações, e escapistas, encontrando qualquer coisa que faça eles fugirem de sua realidade. E nisso, eles encontram a música, que mesmo sem saber nada, eles são comovidos pelo sentimento de poderem estarem tocando juntos, dando significado àquele som quase que cacofónico para eles mesmos, causando emoção e levando essa música para seus corações, tendo um fascínio por algo novo.
O filme sabe levar muito bem o seu silêncio, valorizando cada momento que há a predominância da música na cena em si, sem banalizar a comoção dos próprios personagens. Mostrando outros olhares pela música, como quando somos apresentados ao grupo de Pholk que se interessam pela música dos protagonistas que já sairam esse pensamento de algo novo pelo trio, e transcende esse conceito, por já se relacionar com a música por muito mais tempo, levando a música ao seu tom imagético.
Porém, tem um momento que o protagonista ouvindo a música que haviam composto, acaba desistindo da música, percebendo que a música que eles estavam tocando não havia o sentimento, a emoção de poder tocar aquilo. Isso nos leva a pensar que sem o significado, sem o coração, a música não existe.
Porém, com o tempo, ele percebe que esse pensamento pessimista de não conseguir mostrar esse amor que teve pela música apenas o afastou daquele com quem se importava, assim largando esse pessimismo, e ser levado por aquilo que juntou e comoveu ele e seus amigos, a música.
Assim, a obra nos mostra a simplicidade de muitas coisas em nossas vidas, algo que genuíno e até mesmo primal pode ser mais cativante que algo complexo, porém sem coração, como coisas pequenas podem trazer grandes consequências tanto positivas quanto negativas em nossas vidas, assim como nos fazer perguntar sobre essa vida e a importância daqueles em nossa volta.
Essa obra originalmente foi feita no formato de manga vindo do movimento heta-uma (feio, porém bom) um movimento adjacente do movimento Gekiga. Que seu objetivo é nos fazer perguntar sobre o conformismo da indústria da época, e criticar o que a sociedade estava se tornando depois da Segunda Guerra.
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