TV & Cinema

O valor de Master of None em 2017

By Ana Cecília Mesquita

May 17, 2017

A segunda temporada de Master of None chegou esse final de semana a Netflix, mais ambiciosa e bem pensada que a primeira, mantendo-se uma mistura episódica e sequencial que rendeu um Emmy de melhor roteiro a Aziz Ansari em 2016.

Fugindo da fórmula da primeira temporada, na qual Dev, protagonista inspirado e interpretado por Ansari, refletia mais a fundo sobre algo e aprendia com aquilo, a segunda se atém mais a ideia de contar diferentes histórias, focadas em nossos hábitos, costumes e gostos.

Com o início na cidadezinha italiana de Modena, onde Dev, passara um tempo aprendendo a fazer massa, a série preza por uma estética própria e geralmente renegada em comédias. O primeiro episódio da segunda temporada, por exemplo, é inteiramente em preto e branco, retomando clássicos italianos. Em outro, acompanhamos o protagonista em uma série de encontros do Tinder, com uma edição impecável, que faz com que todos eles se misturem em apenas um.

A medida em que Dev retorna a Nova York, voltamos a acompanhar as questões trazidas na primeira temporada, mas dessa vez com mais foco e direção. São tratadas religião e sexualidade com sensibilidade e humor. Tarefas triviais são filmadas e editadas com uma atenção e precisão que valorizam a série ainda mais.

O melhor episódio da temporada, em minha opinião, é o sexto, New York I Love You. Quatro histórias nova-iorquinas, no estilo de Relatos Selvagens, totalmente diferentes se interligam, com um roteiro realista e bem-humorado, sendo um retrato otimista da cidade em um momento tão pessimista.

Em momentos como esse, no qual a polarização é mais do que frequente e a comunicação é cada vez mais ruidosa, uma série como Master of None aprecia os pequenos prazeres da vida, levando uma leveza necessária às nossas telas.