Nesse dia 2 de setembro, milhões de anos de história foram apagados em algumas horas.
Estamos falando do incêndio no Museu Nacional no Rio de Janeiro, que reunia em seu acervo mais de 20 milhões peças importantíssimas para a história natural do Brasil.
Entre elas, o fóssil humano mais antigo já encontrado nas Américas. O crânio de Luzia, tem cerca de 12 mil anos de idade e foi encontrado em Minas Gerais em 1974, levando muitos a acreditarem que ela foi uma das primeiras habitantes do Brasil.
O fogo começou por volta das 19h30, e rapidamente se alastrou por todo o prédio principal do Museu. Quatro horas depois e a situação ainda estava fora do controle dos bombeiros, que sofreram com uma falta de água, atrasando o trabalho em cerca de 40 minutos.
Especializado em história natural e mais antigo centro de ciência do País, o Museu Nacional possuía em exibição, além de Luzia, itens como:
- O maior meteorito já encontrado no Brasil
O chamado Bendegó é uma rocha de 4,56 bilhões de anos, com mais 5,36 toneladas que vem de uma região do Sistema Solar entre os planetas Marte e Júpiter e foi encontrado no sertão da Bahia em 1784.
- A Primeira réplica de um dinossauro de grande porte montada no Brasil
O esqueleto de Maxakalisaurus topai pertencia a um herbívoro de 9 toneladas e 13 metros de comprimento que viveu há cerca de 80 milhões de anos na região do Triângulo Mineiro.
- Múmias Andinas
Pertencentes a um grupo pré-colombiano de índios Aymara, que possuíam um sistema de mumificação todo diferente, no qual os mortos eram sepultados sentados, com o queixo nos joelhos e amarrados. Uma cesta era tecida em volta de seus corpos, deixando de fora apenas as pontas dos pés e a cabeça.
- Maior coleção de Múmias Egípcias da América Latina
Quem começou essa “coleção” foi D. Pedro I em 1826, e hoje elas contam com múmias não só de adultos e crianças, mas também animais como gatos e crocodilos, além de hieróglifos e lápides.
Ficou curioso para ver o restante do acervo? Dá uma conferida nesse vídeo de dois estudantes da UFRJ:
Apesar da aparência majestosa, o Museu, que completou 200 anos em junho, demonstrava vários sinais de abandono como fios expostos, infiltrações, salas fechadas por falta de verba e um público muito menor do que a sua real capacidade. Desde 2014 a Instituição estava sem receber uma verba de 520 mil reais destinada a manutenção, chegou até a rolar uma vaquinha online para que o Museu conseguisse se manter aberto durante os últimos anos.
“O museu estava jogado, apodrecendo, incluindo a parte elétrica” disse Walter Neves, antropólogo conhecido como “o pai de Luzia”, sobre o incêndio. Criticando o mau uso dos recursos pelo poder público ele completa “Gastaram milhões para construir um museu do futuro (Museu do Amanhã), enquanto um museu centenário, que guarda a história do Brasil, ficou largado as traças”.
O incêndio significa uma perda muito grande para a memória do país. Apesar de uma parte do acervo total não estar no prédio na noite do incêndio, tudo que estava exposto aparentemente foi destruído.
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