Eternos estreou, no Brasil, no dia 4 de novembro de 2021. Como uma grande fã dos filmes de heróis, fui assistir ao mais novo lançamento, mas já com um pé atrás porque não tinha lido críticas boas. Devo dizer: não saí satisfeita.

E a pergunta que não quer calar é: o que aconteceu com Eternos?

Eternos é uma raça de seres imortais que foram modificados geneticamente por deuses espaciais conhecidos como Celestiais. Eles foram enviados para a Terra com o objetivo de proteger os humanos dos Deviantes – um tipo de monstro. Permaneceram durante milhares de anos na Terra com uma condição: não poderiam interferir nas guerras humanas.

Temos 10 personagens principais e aqui já começam minhas críticas: mesmo com tantos personagens, achei pouquíssimos carismáticos. A história colocou muito drama em cima de cada um e era a primeira vez que eu estava os conhecendo, então acabei não me importando muito e até ficando um pouco cansada com tanta informação.

Além disso, os que têm mais destaque, o casal Sersi e Ikaris, não têm química nenhuma. Teve muito foco romântico neles e, sinceramente, a Marvel não é sobre isso! Qualquer casal que surge está sempre em segundo plano, mas, em Eternos, o romance acaba se tornando algo importante demais.

Um ótimo exemplo de casal é a Makkari e o Druig, também parte do elenco principal do filme. Não é deixado explícito se eles são, de fato, um casal, mas a forma como se relacionam é perfeita! Tanto que tiveram bem mais repercussão que Sersi e Ikaris porque, além de terem química, não deixam que esse relacionamento se torne a principal característica deles.

Agora, partindo para um dos pontos mais importantes: a mudança no estilo de filme.

A Marvel é reconhecida por misturar ação com comédia mas, em Eternos, não vemos tanto a comédia. Acaba se tornando um filme mais sério. A própria diretora Chloe Zhao comentou que Eternos seria um risco,  justamente porque foge da “fórmula Marvel”.

Não desgosto da Zhao, inclusive ela quem dirigiu Nomadland – vencedor do Oscar de Melhor Filme em 2021 (e mais que merecido) -, mas, desculpe, eu gosto dessa fórmula! É o que faz a Marvel ser a Marvel, contar uma história de heróis, com backgrounds pesados, cenas de ação e ainda trazer piadas que deixam tudo mais divertido. Dessa forma, entretém tanto o público mais novo quanto o mais velho. 

Inclusive é por abranger públicos de diversas idades que os filmes da Marvel são tão incríveis. Por mais que haja um grande número de jovens adultos que assistem aos filmes para formar teorias e surtar com as cenas pós-créditos, não dá para negar que as crianças também piram com os filmes dos heróis! E senti que Eternos ignorou completamente esse público mais novo.

Por exemplo, Shang Chi, que estreou dia 2 de setembro de 2021, também faz parte dessa nova fase que a Marvel está apresentando e consegue ser tudo que Eternos não foi. O filme nos apresenta um novo herói, contando apenas o essencial, sem enrolações – algo que Eternos faz de melhor -, além de divertir os pequenos que forem assistir apenas porque querem ver um herói lutando e entregar tudo aos que terminam o filme procurando por teorias.

Para mim, Shang Chi envolve do começo ao fim e tem duas horas e doze minutos que passam num piscar de olhos, enquanto Eternos tem duas horas e trinta e sete minutos que parecem uma eternidade! Na metade do filme parecia que tinha acontecido tudo mas ao mesmo não tinha acontecido nada.

Apesar dos apesares, não é um filme horrível. Vi muitas críticas dizendo que “é puro lacre”, mas está longe de ser isso. Eternos tem, sim, representatividade, mas não é isso que irrita. Quem está falando mal do filme por causa de cenas como o selinho do Phastos no marido é apenas preconceituoso e não assistiu de fato ao filme.

A realidade é que Eternos não é uma grande obra, porque apresenta uma narrativa fraca que despejou informações sobre os novos heróis logo de cara. É bom assistir apenas para se inteirar do universo Marvel (principalmente pelas cenas pós-créditos), mas, infelizmente, não é um filme memorável.