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O pescoço de 4 dígitos

By Bruno Guimarães

September 20, 2015

Você acha que seu pescoço merece uma peça produzida na Escócia, com lã de cabra, escovada por plantas européias, lavadas nas águas frescas da Escócia e finalizadas a mão? Pois a marca inglesa Burberry acha.

Com o intuito de lançar a nova linha de lenços e cachecóis personalizados chamada “The Burberry Scarf Bar”, a marca lançou um filme mostrando o processo da produção dos seus famosos acessórios de pescoço.

Sabendo como ninguém como agregar valor ao seu produto, a Burberry ingressa no mercado limitado dos produtos personalizados que foge da produção de massa, para assim, ter um preço elevado e incorporar um público alvo restrito.

A dupla de acessórios de caxemira (lã de cabra da Caxemira, fronteira da Índia com o Paquistão) está disponível em 30 cores, com o monograma de até 3 letras com 30 opções de cores de linhas e 2 fontes. Para adquirir a peça mais simples dessa coleção, terá que ser desembolsado 2.200 reais no caso de cachecóis e 3.200 nos lenços, sendo que 300 reais desse valor é destinado a produção do monograma.

Sintetizando a forma mais pura do materialismo, um acessório de pescoço que pode chegar a 4 mil reais nos confirma uma cultura em prol do supérfluo e a desumanização que existe em volta do consumismo. Estudos confirmam que quanto mais as pessoas se organizam em torno do materialismo, maiores são os seus níveis de infelicidade, depressão, ansiedade, insegurança e menor é sua sociabilidade e preocupação com valores intrínsecos como família, amigos e natureza.

Partindo do princípio do “More of what matters”, o Center for a new American Dream produziu  juntamente com Tim Kasser um vídeo chamado “O alto preço do materialismo” que nos mostra exatamente como a humanidade está mergulhada nesse mundo capitalista e como a grande massa organiza sua vida como se “Uma vida de bem, pode ser alcançada com uma vida de bens”.

Com uma essência crítica e criativa, a Big Lazy Robot  produziu o filme “Idiots” que também faz um alerta sobre a sociedade materialista, cega e alienada que se perde no que chamamos de “evolução”.