Música

O perigo dos álbuns físicos: Vazamentos

By Lucca Leonardi

May 12, 2017

Com a ascensão do Streaming, graças a serviços como Spotify (o novo Beatles) e Apple Music, os álbuns físicos já começaram a desaparecer um pouco. Mas também existe um outro fator para contribuir com o sumiço dos CDs e discos: os leaks. Diversos artistas já sofreram com suas obras sendo pirateadas e distribuídas online antes do lançamento oficial. Alguns casos recentes foram ALL AMERIKKKAN BADA$$ de Joey Bada$$, o debut de Harry Styles, DAMN. de Kendrick Lamar e ontem mesmo, After Laughter de Paramore.

O que acaba acontecendo é o lançamento primeiro apenas digital, para depois sair o disco físico – ou até mesmo nem sair. Big Sean fez isso com I Decided, Jay-Z  e Drake também já tomaram cuidado para não sofrer o mesmo que ocorre com outros artistas. O próprio Joey Bada$$ decidiu que não lançará discos físicos pelo restante de sua carreira, mostrando o certo arrependimento com AABA, mesmo já esperando que isso fosse ocorrer.

I know, I know.. am I mad?? Nope cuz it was inevitable. However, this is my last physical and I hope you still support me Friday. Enjoy ❤????????

— BADMON (@joeyBADASS) 2 de abril de 2017

Mas afinal como esses discos acabam vazando? Existem 3 principais motivos: funcionários das distribuídoras e lojas, canais de mídia que vazam os discos promocionais que recebem e hackers. O último é o mais difícil de ocorrer por motivos óbvios, mas os outros são extremamente comuns – evidenciando o maior problema dos lançamento físico. Como são muitas cópias que passam de mão em mão, para chegar nas diversas lojas na data correta, qualquer um pode facilmente pegar uma única cópia e soltar na internet – afinal CDs não são difíceis de serem gravados.

Por um lado minimamente positivo, os vazamentos estão cada vez mais próximos das datas de lançamento, alguns anos atrás eles ocorriam até meses antes da data oficial. Hoje em dia, os usuários que fazem os leaks online preferem upar as músicas poucos dias antes ou até mesmo horas, para não sofrerem com as consequências.

Existem também as controvérsias dos leaks planejados, onde as próprias gravadoras o usam como uma estratégia para gerar repercussão ou publicidade gratuita – no entanto eles não funcionam tão bem, como Dirty Gold de Angel Haze já comprovou. No pensamento das companhias, quando os números não parecem promissores na venda de CDs, o vazamento pode ser uma solução para gerar buzz nas vendas de tours, discos de vinil e espaços na televisão.

Artistas como Drake e Chance The Rapper também estão influenciando os lançamentos de discos físicos, justamente por servirem como exemplos de sucesso ao utilizar praticamente apenas o digital. Chance é o maior exemplo disso, não só usando apenas o online, como também se mantendo independente e distribuindo todas suas músicas gratuitamente, conseguindo mesmo assim lucrar por streams e mercadoria.

Chance ganhou 3 Grammys após a nova regra aceitando álbuns puramente digitais ter sido oficializada.

Quanto as consequências do leak, como influenciam nas vendas, ninguém sabe. Depende muito do artista, sua fanbase ou a presença e sucesso nas plataformas de streaming. No fim das contas, pode tanto ajudar quanto atrapalhar, mas a sensação de todo seu trabalho duro ser distribuído gratuitamente antes do lançamento sem sua permissão é o que irrita a maioria dos artistas. O pior caso talvez seja o que houve com a Madonna, no qual várias demos e versões iniciais foram vazadas, criando uma imagem diferente do produto final quando ele finalmente foi lançado.

Uma estratégia legítima para substituir os vazamentos, que em si já são uma espécie de lançamento surpresa, foi justamente o que Beyoncé fez com Lemonade ou Frank Ocean com Blonde – não anunciar uma data e lançar o disco inesperadamente.

Apesar de fazerem parte da história da música já faz cerca de 20 anos, os vazamentos podem finalmente acabar, com a ascensão do digital – sobrando apenas a possibilidade dos hackers roubarem músicas. Enquanto lançamentos surpresas continuam crescendo, além da prioridade pelo streaming e o digital, deixando o físico uma opção tardia para os colecionadores.