Sinapse por Pedro Hutsch Balboni, 18/05/2009 às 16h
Perante todas as revoluções tecnológicas em que estamos vivendo, fica uma pergunta aterradora: qual o futuro do livro nesse meio?? Ele vai desaparecer? As pessoas ainda terão tempo para lê-los? Haverá interesse em comprar um objeto cujo conteúdo pode ser facilmente transportado para inúmeras outras plataformas?
Essas foram algumas das questões levantadas na oficina “O Livro em Ambiente Multimídia: novos desafios da educação”, de Mário Feijó Borges Monteiro (Doutor em Letras). A oficina aconteceu semana retrasada na Expocom Sudeste 2009, fase regional do Intercom, maior congresso de comunicação do país, onde tive a oportunidade de representar a ESPM com meu trabalho (que foi premiado na modalidade “quadrinhos”, bem como outros três dos quatro trabalhos inscritos pela Escola).
O mais interessante foi ver o como foi pensado esse futuro para o livro. Apesar dos e-books e variações, como leituras por celular (no Japão, por exemplo, é comum ler mangás pelo celular), devemos olhar para o passado e ver como as coisas aconteceram para pensar como acontecerão no futuro. O livro manuscrito conviveu com o impresso por cerca de 300 anos. Seria totalmente absurdo pensar que em 5 anos os livros estarão extintos.
Os motores das mudanças, como dito na oficina, raramente apresentam limitações tecnológicas, mas sim culturais e econômicas. Ainda é muito mais barato e viável publicar um livro pelo “velho método”, e, ao mesmo tempo, os leitores estão muito mais familiarizados com esse formato. No entanto, não seria interessante estar na praia, abrir o seu e-book e carregar um livro qualquer que você queira ler? Ou conseguir ter acesso a todos os jornais que quiser sem precisar ficar com a papelada entupindo a casa – para depois ser jogada fora ou guardada para forrar a gaiola do passarinho?
Mário diz que para competir com mais força contra essa ameaça ao sobrevivente papel (que está em circulação desde o Antigo Egito) o livro terá que se tornar cada vez mais atrativo, interativo. Ressaltar a experiência sensorial que ele promove, que não pode ser superada facilmente por realidades virtuais onde o tato tem pouca função e o olfato nenhuma. Os livros tenderão a ficar cada vez mais atraentes e, na medida do possível, baratos. O mercado de livros infantis e infanto-juvenis é o que apresenta maior número de possibilidades de inovações e também o que mais cresce no Brasil (juntamente com o mercado de livros didáticos – aliás, leitor, o principal comprador de livros para crianças são os avós dessa criança, impactar eles com propaganda pode ser uma excelente forma de vender seu livro). Sendo assim, sobram os livros que você tem obrigação de ler, seja por motivos profissionais, acadêmicos, o que for, e materiais impressos de conteúdos mais efêmeros: esse tipo de material deverá caminhar para o ambiente digital primeiramente.
Seja como for, a mudança é gradual. Estamos num período de incertezas, onde as leis de direitos autorais ainda não dão conta das variáveis impostas pela internet. Mário diz que não será sempre assim: todas as mudanças bruscas (como o uso da imprensa de Gutenberg em escala industrial) sempre resultam numa incerteza, e a sociedade demora para conseguir responder as exigências de maneira eficiente; mas as coisas se estabilizam. A incerteza de hoje será vencida num amanhã, e aí surgirão novos desafios. Meu palpite? As resoluções que conseguirão organizar de maneira mais eficaz as questões necessárias serão tomadas com velocidade muito maior no mercado musical, e serão readaptadas e reutilizadas para outras resoluções necessárias.
Sinapse por Pedro Hutsch Balboni, 18/05/2009 às 16h
Twitter @phbalboni @newronioespm
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