Fevereiro, além de carnaval, é o mês dos bolões para os amantes de filmes. A revolta e a esperança ronda o universo das pessoas ansiosas para o Oscar, felizes com a nomeações de diversos filmes e tristes com a falta de outros. Como ocorre todos os anos, filmes espetaculares, que se tornaram clássicos, nunca ganharam sequer uma estatueta.
Conheça abaixo um pouco mais sobre as figuras e os filmes mais injustiçados do cinema hollywoodiano e alguns absurdos do conservadorismo da Academia.
Uma das pessoas mais injustiçadas da história do Oscar é, sem dúvida, o clássico diretor Alfred Hitchcock, que nunca recebeu uma estatueta por melhor direção. Ele foi inspiração para grandes diretores como Spielberg, DePalma, Carpenter, Nolan e Fincher, além de introduzir um novo conceito de autoria e ser responsável pela invenção do “thriller” no cinema moderno.
Seus filmes tiveram diversas indicações, mas nunca ganharam nada. NADA. São eles “Pacto sinistro” (indicado para Melhor Fotografia), “Disque M para Matar” (Nenhuma indicação), “Janela Indiscreta”(indicado para Melhor Diretor, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Direção de Arte e Melhor Mixagem de Sons), “Um corpo que cai” (indicado para Melhor fotografia e Melhor Mixagem de Sons), “Intriga Internacional” (indicado para Melhor Direção de Arte, Melhor Edição e Melhor Roteiro Original), “Psicose” (indicado para Melhor Diretor, Melhor Atriz Coadjuvante, Melhor Fotografia e Melhor direção de Arte) e “Os Pássaros” (indicado para Melhor Efeitos Especiais).
Um filme muito aclamado mas que também saiu de mãos vazias da premiação da academia foi “12 Homens e uma Sentença” indicado para Melhor Direção, Melhor Roteiro Original e Melhor Fotografia. O filme apresenta um filmagem claustrofóbica inovadora para a época e ocorre em um único cenário com um diálogo extremamente bem construído. O filme virou referência de roteiros bem escritos e mesmo assim não ganhou nenhum Oscar.
“Easy Rider” é o filme que todo amante de rock e Harley-Davidson adora mas que também foi injustiçado pela Academia do cinema. É um filme que marcou uma geração inteira e mostrou de forma única o movimento da contra-cultura americana nos anos 60. Dennis Hoper, diretor do filme, deixa essa marca numa filmagem quase documentária mantendo vivo o sentimento psicodélico da época e fazendo seu próprio filme se tornar parte da contracultura, fundando assim, uma nova era em Hollywood.
O filme foi indicado para Melhor Ator Coadjuvante (Jack Nicholson) e Melhor Roteiro Original, mas o mais estranho é o fato do filme não ter sido nem nominado para as categoria de Melhor Direção e Melhor Fotografia, prêmios que ficaram com o título “Cowboy da Meia-noite”.
“Laranja Mecânica“, um filme que de tão aclamado virou uma camiseta quase tão popular quanto a dos Ramones e que também não ganhou nada no Oscar de 1971. O que difere o filme de tantos outros e o que faz ele ter merecido tanto uma estatueta é o universo de ficção incrível criado junto a um cenário cheio de violência e estupro. A pena é que tais diferenciais não são muito comuns e apreciados pelos membros da academia, causando uma injustiça para um filme tão histórico.
O filme foi indicado para Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Filme, Melhor Diretor e Melhor Edição de Imagem, e é dirigido por Stanley Kubrick, que ja sofreu muito com o Oscar. Seus filmes ja somaram 13 indicações mas somente “2001: Uma odisséia espacial” recebeu uma estatueta por Melhor Efeitos Especiais.
Um outro filme muito injustiçado é “Taxi Driver“. O filme, que apresenta a melhor atuação de Robert de Niro depois de Seara Gourmet, foi indicado para as categorias de melhor Filme, Ator Principal, Atriz Coadjuvante e Trilha Sonora, pilares muito importantes para um filme ser considerado excelente. Taxi Driver consegue ser um filme de ação sendo ao mesmo tempo um filme de amor e romance.
A concorrência do ano também não facilitou para o filme de Martin Scorsese. Taxi Driver competiu com outros clássicos títulos do cinema Hollywoodiano como “Rocky”, vencedor de Melhor Filme, Edição e Melhor Diretor, e “Rede de Intrigas” vencedor de Melhor Atriz, Ator, Atriz Coadjuvante e Roteiro Original.
“A cor púrpura“, um clássico dos anos 80, recebeu 11 nomeações e não ganhou NADA, ficando com o recorde de nomeações sem prêmios. Indicado para Melhor filme, Melhor atriz para Whoopi Goldberg, Melhor Atriz Coadjuvante para Margaret Avery e para Oprah Winfrey, Melhor Roteiro, Melhor Fotografia, Melhor Direção de Arte, Melhor Figurino, Melhor Música Original e Melhor Trilha Sonora.
O Filme dirigido por Spielberg, aborda de maneira interessante racismo, sexismo, incesto, violência doméstica, e muito acusam a academia de preconceito e racismo contra mulheres negras que tiveram uma grande atuação, mas que não ganharam por serem negras. O caso de “A Cor Púrpura” é a versão #OscarsSoWhite dos anos 1980, e o mais irônico é que o filme perdeu o título de melhor do ano para “Out of Africa”, estrelado por Maryl Streep e Robert Redford.
Spike Lee também se encontra na lista de injustiçados do Oscar com um dos seus filmes mais famosos “Faça a coisa certa“, indicado para Melhor Ator Coadjuvante com Danny Aiello e Melhor Roteiro.
O grande diferencial do filme de Spike Lee é que enquanto outros filmes tendem a registrar uma localização e época, “Faça a coisa certa” levanta discussões e ideias sempre atuais sobre raça e problemas sociais. O filme é muito bom e a ausência de estatuetas para o longa é outra acusação de preconceito e conservadorismo que o público tem em relação à Academia.
Outro clássico, considerado pelos usuários do site IMDB o melhor filme da história com nota 9,3 , “The Shawshank Redemption” traduzido para o Brasil como “Um sonho de Liberdade” nunca ganhou um Oscar. O Filme de Frank Darabont foi indicado para 7 categorias, sendo elas Melhor Filme, Melhor Ator (Morgan Freeman), Melhor Roteiro, Melhor Fotografia, Melhor Mixagem de Sons, Melhor Edição e Melhor Trilha Sonora.
O filme é uma adaptação da obra de Stephen King e aborda de uma forma incrível a corrupção dentro do sistema carcerário, poder sobre amizade e confiança. É um clássico americano e uma pena não ter ganho nenhum Oscar.
O último injustiçado da lista é “Boogie Nights”. O filme recebeu a nomeação para Melhor Ator Coadjuvante, Melhor Atriz Coadjuvante e Melhor Roteiro.
O filme conta a ascensão e queda de um ator pornô e transforma prazer sexual em arte, aspectos não tão apreciados pela Academia dos anos 1990.
Todos esses injustiçados são provas claras que a Academia sempre foi mais conservadora do que os filmes em si, perdendo a oportunidade de premiar filmes que se tornaram grandes clássicos da história do cinema.
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