#newronioentrevista por equipe newronio

 

Semana passada o Newronio entrevistou Bruno Ribeiro, diretor de arte premiado em Cannes e novo consultor do ARENAS (Bruno auxilia os criadores via Skype duas vezes por semana). Bruno contou de sua história na propaganda, da importância de trabalhar no exterior (e algumas curiosidades do mercado russo, onde trabalha agora) e deu dicas para quem quer seguir carreira na direção de arte.

 

Para ver o portfólio online do Bruno, clique aqui.

 

Você não fez nenhuma faculdade. Como você se virou para entrar no mercado publicitário?

 

Com 15 anos já queria virar publicitário. Fiz curso técnico de propaganda no colegial e segui fazendo outros cursos específicos da área, como a Escola Panamericana e o curso Portfólio (atual Miami Ad School). Nunca pediram currículo em uma agência, o pessoal só olha o portfólio, estão preocupados com o que você consegue fazer, não importa se estudou na melhor faculdade ou não.

 

Com quantos anos você ganhou seu primeiro prêmio? Que diferença isso faz na carreira de um criador?

 

Meu primeiro prêmio foi com 27 anos. Ter um peça premiada no portfólio mostra, principalmente, que você está por dentro das tendências da propaganda – sua propaganda ganha uma “linguagem universal” e você passa a ficar mais requisitado nas agências. Os festivais de propaganda são como um São Paulo Fashion Week, te direcionam para saber quais são as tendências na publicidade.

 

Por que você escolheu ir trabalhar fora do país? O mercado está melhor no exterior?

 

O mercado não é melhor, só diferente. Essa escolha foi mais pessoal do que profissional, não consigo ficar parado, preciso conhecer novos lugares e culturas. É preciso ter muitas referencias para criar. Conhecer novos lugares alimenta a criatividade. São Paulo é uma cidade bem moderninha, mas se alguma coisa estoura aí é porque provavelmente já foi moda na Europa, por exemplo.

 

Como é o mercado publicitário russo?

 

A cultura mercadológica daqui é bastante atrasada. Há vinte anos o país estava fechado, não tinham marcas nem propaganda. O consumidor ainda é imaturo pra publicidade…

 

E isso é bom pois ele se surpreende com pouco ou é ruim pois ele não entende direito a propaganda?

 

…Pois é, não dá pra dizer. É bastante imprevisível: às vezes dá muito certo e às vezes causa alguma confusão. Em uma campanha feita aqui na agência a gente terminava um filme falando para as pessoas ligarem para um número de telefone, igual qualquer propaganda no Brasil. No outro dia, a central telefônica ficou lotada de ligações; as pessoas ligavam e diziam “estou ligando porque disse na TV”. Acho que ficaram acostumadas a obedecer o que os meios de comunicação dizem, herança do socialismo soviético de 20 anos atrás.

 

Quais são as dicas pra alguém que quer se formar e arranjar um estágio fora do Brasil?

 

Hoje em dia é mais difícil. Acho que fazer cursos fora do país ajuda, para já ter indicações. O importante mesmo é ter um portfólio muito bom, o que é difícil já no final da faculdade. Eu saí do Brasil a primeira vez com 23 anos. Passei 4 anos em Lisboa. E foi em lá que ganhei meu primeiro leão (tinha 27 na época). E acho que ter saido do Brasil foi fundamental para eu ganhar meu leão. Voltei para o Brasil e fiquei por 3 anos onde ganhei mais 4 leões. E graças a experiência de já ter trabalhado fora do país e ter ganho importantes prêmios internacionais que eu consegui vir para Moscow como DIretor de Criação.

 

Qual dica você dá às pessoas que querem seguir com direção de arte?

 

Principalmente: precisa gostar de arte. Isso é essencial. Tem que ter sensibilidade com arte, sentir tesão de verdade. Curtir fotografia, cinema, tipografia, design, ir em exposições, saber de história da arte etc. Além disso, fazer todo tipo de curso que ajude na profissão: Photoshop, In Design, Illustrator, fotografia, cinema…

 

Muita gente que entrou na faculdade pensa em virar diretor de arte porque tem habilidades com desenho. Uma coisa está relacionada com a outra?

 

Com certeza.É uma história parecida com a minha; resolvi ser publicitário antes de saber o que era isso e um dos motivos é o gosto pela arte. Gente que desenha costuma ter essa sensibilidade artística de que falei. Saber desenhar, ter noção de proporções… tudo isso tem a ver com criar um layout bonito e bem organizado.

 

 

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Henrique passa as manhãs dos dias de semana na ESPM, as tardes dos fim de semana tocando música e as noites de terça vendo a Portuguesa no Canindé.