Por Renan Quevedo e Edmar Neto (segue ele no twitter: @edmarn)
A SP-Arte, já tradicional feira de arte, ocorreu entre os dias 3 e 7 de Abril, no Pavilhão da Bienal. Em sua nona edição, o evento agitou o mercado de arte não só brasileiro, presente com mais de oitenta galerias, mas também internacional, com dezenas de galerias latino e norte americanas, além de europeias, que trouxeram artistas consagrados para aquela que já é considerada o maior evento do tipo no hemisfério sul. Ou seja, tinha muito móbile Calder de 8,5 milhões de reais fazendo sombra em irresistíveis Picasso 20×30.

O objetivo da feira é, obviamente, a comercialização das obras mostradas. A presença de investidores, ávidos por aplicações que, além de belas, poderão se valorizar muito ao longo do tempo, é forte e a eles é dado tratamento diferenciado. Vá com um autêntico Rolex e quem sabe você ganhe um cafezinho. Dezenas de galerias disputam estes compradores trazendo muita diversidade, geralmente obras de mais de um artista e até temáticas diferentes. Por isso, nem sempre o diálogo entre as obras é forte e ao longo do percurso se vê obras da mesma autoria compondo acervos completamente diferentes. Assim, a observação das obras de forma isolada pode ser muito mais rica que em relação ao conjunto. Dá pra imaginar Conceição dos Bugres casando com Warhol?

Contraditoriamente, o que poderia ser um defeito, acaba se tornando algo muito positivo: ali está justamente o que há de “melhor” em cada uma destas galerias. Se não é possível entender toda a trajetória de um artista, o ambiente permite ao visitante observar boas doses de excelentes nomes da Arte. Assim, cada um pode fazer sua própria curadoria, estabelecendo relações entre aquilo que mais gosta. A presença de formatos mais comerciais, como telas e esculturas também é um contraponto forte em relação a uma feira que se propõe a discutir os rumos da Arte, como as Bienais internacionais, marcadas por instalações e performances. Este cunho comercial dá à feira uma percepção de maior proximidade com a realidade das pessoas e, de certa forma, isto parece ser didático e convidativo.

Uma enorme quantidade de artistas dividem o mesmo espaço com temáticas e abordagens bastante divergentes. Os corredores recheados de consagrados, como é o caso de Jeff Koons e Darmien Hirst, exibem também Marc Chagall, Cruz Diez, Marina Abramovic, Mark Rothko. Brasileiros como Beatriz Milhazes, Adriana Varejão, Burle Marx e osgemeos aparecem com Lygia Clark, Volpi, Portinari, Di Cavalcanti. De forma pontual, mas também marcante, a dita Arte Popular aparece na figura de nomes como José Antônio da Silva, Ranchinho, Véio. Esta “bagunça capitalista” é uma grande perdição para os amantes da Arte, porque os preços facilmente superam a casa dos milhões e são acessíveis para uma restritíssima minoria. É preciso uma quase ousadia pra perguntar o valor das peças, ainda que só por curiosidade.

A maioria está lá para saciar a sede de arte e encher os olhos. O público é composto por gente de todo tipo: além de investidores, estudantes, professores (Joca, Silvana, Casarotti), crianças (tentando por a mão em tudo), casais de idosos e muitas celebridades (Sharon Stone, Kate Moss, Hector Babenco, Arnaldo Jabor, Fernanda Torres, Herchcovitch). Todo tipo de reação aparece, só é impossível passar indiferente à força da Arte. A SP-Arte deixa um residual muito significativo para os visitantes: a arte talvez não seja mais opcional.

Escolhi fazer comunicação por gostar (e muito) de me comunicar. Sou tímida no começo, mas depois de um tempo já sou íntima. Eu nunca escrevi em blog, mas vivo escrevendo. Amo estar atualizada, principalmente no que se refere à moda.