#comportamento por julio

Essa semana fiquei sabendo que, no começo de Março, um filme de terror uruguaio lançado em 2010 havia sido refeito para o cinema americano. La Casa Muda conta a história de Laura (Florencia Colucci) e de seu pai, Wilson (Gustavo Alonso), que são chamados para reformar uma casa antiga. Daí vocês já sabem: eles decidem passar a noite lá e começa a dar tudo errado.

O filme foi editado de modo a parecer que os longos 88 minutos de desespero foram filmados em um único take. Uma ideia de estética legal para um filme de terror com uma história boa, atores interessantes e um trailer elegante. Acabou ganhando prêmios no Sundance Film Festival e no Cannes Film Festival. Ganhou também um remake americano, é aí que o verdadeiro terror começa. ♥

Efeitos sonoros saturados, transição em Flash do Sony Vegas, aquele narrador de voz grossa, protagonista loira, jovem, trajada com um moletonzinho esportivo próprio para fugir de assassino e a chave de ouro: “Abri o seu facebook e vi no seu mural…”. Maravilhoso! Todos esses elementos super genéricos transformam um filme que antes era interessante em um grande e gordo “nossa, já sei tudo que vai acontecer, vou assistir a Eliana que ganho mais“.

Localizar um filme, game, livro ou qualquer outro produto de um país para outro é uma tarefa bem complicada. Com tradução, contextualização e outras modificações, muito do original acaba se perdendo, é inevitável. No entanto, esse processo de americanização das coisas vai muito além de uma simples sutileza ali e outra aqui. O pior de tudo é que esse fenômeno não se limita ao cinema, vamos comparar as capas do game ICO, para Playstation 2, nas versões americana e japonesa.

Cover japonesa: Baseada na obra de Giorgio de Chirico, artista Surrelista

Cover americana. Baseada naquele camelô perto da sua casa

 

A desculpa que as grandes distribuidoras dão é sempre a mesma: “O consumidor não iria entender. Não vai vender se for de outro jeito”. A lista que poderiamos colocar aqui de produtos super americanizados é bem grande e só iria deixar você, leitor, mais triste. O desrespeito vai longe. Mas pouco podemos reclamar, afinal os consumidores, em sua maioria passivos e pouco interessados, se entregam cegamente para esse tipo de alienação. Seria esse o maior motivo para esse fenômeno horrendo? Ou seriam os Illuminatis? Talvez a gente nunca saiba.

Nota desesperadora: The Silent House (remake) foi dirigido pelos próprios diretores da versão original. Triste.

O ministério da saúde nunca advertiu nada, mas @NewronioESPM com certeza não faz mal para a você!

Estou cursando a optativa de criação e gosto muito de internet.