Imagine uma situação qualquer em que você acabe com uma nota de 200 pesos mexicanos. Analisando a nota, você vê que a figura principal da nota é uma mulher. Ali, está a imagem de Sor Juana Inés De La Cruz. Ela nasceu em 1648, e foi criada por sua mãe já que o pai, militar espanhol, não quis assumir os filhos de uma criolla (pessoa com origem espanholas, mas nascida nas Américas) com miscigenação indígena.

Juana desde criança era irrefutavelmente uma nerd no sentido mais positivo da palavra. Auto-didata, com 16 anos já era fluente em Latim, Nuhuatl (língua indígena de sua região) e em discurso filosófico. O tamanho gigantesco de seu conhecimento sendo tão jovem chamou atenção da corte, e ela se tornou uma das damas de companhia favoritas da Vice-Rainha, já que criava peças e poemas super polêmicos que muitas vezes criticavam a misoginia e preconceito da época.

Sor De La Cruz aproveitou os anos na nobreza para fazer o que mais gostava: estudar. Em um movimento para humilhar Juana, o Vice-Rei reuniu os mais prestigiados teólogos, juristas e matemáticos da época e orientou eles a fazerem as perguntas mais difíceis que pudesse imaginar para Inés. A Fênix da América como seria conhecida depois, conseguiu responder corretamente todas as perguntas, desde paradoxos filosóficos até equações matemáticas. 

Auto-retrato de Juana adolescente 

Depois de seu triunfo intelectual e sua consequente fama, Juana acabou sendo assombrada por inúmeros pedidos de casamento, entretanto ela não queria nenhum matrimônio. De La Cruz se tornou freira para ter acesso ao infinito acervo que a igreja católica oferecia a seus membros, e logo se tornou referência para acadêmicos. Mas sua natureza questionadora não diminuiu mesmo convertida, e depois de escrever um texto refutando as publicações machistas de Antonio Vieira (o autor barroco brasileiro!) a Igreja começou a censurar ela, e Juana foi proibida de se dedicar a vida acadêmica. Como ultimo ato de rebeldia, ela assinou a renovação de seus votos religiosos com seu sangue e escreveu: Eu, a pior de todas! De La Cruz dedicou o resto de sua vida à caridade e morreu em 1695.

Auto-retrato de Juana perto de sua morte

Hoje existe uma segmentação inteira de historiadores que estudam a trajetória dela. Há boatos históricos que seu desinteresse pelo matrimônio também era movido pela sua sexualidade, e que a freira manteve relações mais que platônicas com a Vice-Rainha Leonor e com a outra Vice-Rainha, Maria Luisa. As centenas de cartas que De La Cruz trocou secretamente com elas são a maior evidência disso, mas não há nada definitivamente comprovado.

Você pode tirar suas próprias conclusões sobre quem foi essa figura histórica nas inúmeras obras sobre Juana, como o livro “Armadilhas da Fé” escrito por Octavio Paz, vendido pela Amazon, ou a mini série de sete episódios produzida pela Netflix chamada “Juana Inês”.

 

 

também conhecida como Velha dos Gatos, Verme Insolente, Renegada da Vila da Folha e Agente Romanoff.