Devido à palestra do Newronio na quarta-feira, adíamos nossa série de Jazz para hoje!

Aonde paramos?

Sidney Bechet nasceu na nossa capital do Jazz Nova Orleans em 1897.

Desde criança já tocava melhor que muitos músicos adultos. Era de uma família creole da qual não tinha apoio para perseguir a música, sempre o incentivaram a tratá-la como hobby.

Tentou fazer aulas, mas era muito impaciente, por isso aprendeu sozinho a tocar clarinete e aos 10 anos de idade já conseguia tocar as músicas de Freddie Keppard.

Aos 16 anos, para o desespero dos pais, largou os estudos e decidiu dedicar-se em tempo integral à sua verdadeira paixão: a música.

Ganhou destaque em sua cidade natal e obteve a fama de “um músico como nunca visto em Nova Orleans”. Sua principal característica era o excesso adequado de vibrato transformando-o em um som agressivo.

Assim, com o sucesso na cidade, Bechet espalhou sua música viajando para o sul e o meio-oeste.

O Jazz estava saindo de onde nasceu e conhecendo o país.

O negro Freddie Keppard era chamado de “O Rei” nessa época, era o grande representante do Jazz que inspirava todos os músicos do momento.

Ele tocava em um grupo chamado The Original Creole Orchestra e tinha verdadeiro desespero de que sua música fosse copiada por outros. O medo era tão grande que ele tocava com um lenço para cobrir seus dedos, assim ninguém seria capaz de reproduzir seu som.

Com a criação da vitrola, a música de diversos lugares começou a disseminar pelo mundo. Mas por um bom tempo, não o Jazz.

Em 1916, Keppard foi convidado para fazer parte da história da música: gravar o primeiro disco de Jazz da história. Acreditem se quiserem, ele recusou. Ele desistiu de ser eternizado em um marco histórico por medo de que roubassem suas técnicas.

Perdida a oportunidade, o grupo de brancos The Original Dixieland gravou o primeiro álbum em 1917.

Liderados pelo cornetista Nick LaRocca, o disco do grupo teve sucesso imediato e vendeu mais cópias que qualquer outro até o momento.

LaRocca dizia que o eles criaram o Jazz e que isso não tinha nada a ver com os negros.

Em um contexto de evolução – criação dos aviões, disseminação das ideias de Einstein, os diferentes pontos de vista das obras de Picasso, etc, etc, etc – a modernidade ganhou uma trilha sonora.

Depois da primeira Guerra mundial, o estilo se estabeleceu em dois novos lugares: Nova York e Chicago.

Em 4 de outubro de 1901 nasceu a verdadeira personificação do Jazz: Louis Armstrong.

Negro, filho de um pai que saiu de casa e nunca via os filhos e uma mãe que o teve com 16 anos, Louis Armstrong nasceu em Nova Orleans para se tornar um grande ícone do estilo que estava se consolidando.

Sua mãe, Daisy Parker, se prostituía para alimentar os filhos, mas às vezes não era suficiente. Eles conheceram a verdadeira pobreza, passaram tanta fome que chegava a doer os estômagos.

Com 7 anos, Armstrong começou a trabalhar para uma família de imigrantes judeus russos entregando carvão. Ele usava uma cornetinha para avisar os clientes que estava chegando.

A família cuidava dele como filho, nunca o deixavam ir embora sem jantar bastante.

Então um dia, ele pediu um adiantamento de 5 dólares para poder comprar uma corneta velha que viu em uma vitrine. E assim começou a aprender música.

O “pequeno Louis”, como era chamado, adorava ouvir o Jazz e seu grande ídolo era Joe Oliver.

Ao contrário dos outros músicos conhecidos da época, Oliver ensinava ao garoto a usar a corneta quando ele o parava na rua.

Joe Oliver então se mudou para Chicago, e o já mais velho Louis foi convidado a substituí-lo em sua antiga banda tocando a corneta.

Em 1920 foi criada nos Estados Unidos, a (ridícula) Lei Seca e com ela houve o surgimento de milhares de bares clandestinos, locais onde o público se libertava.

Esses bares exigiam uma música dançante, e assim adotaram o Jazz, que foi associado com uma sensação de relaxamento e auto-expressão.

Em 1922, Armstrong seguiu para Chicago a convite de seu grande ídolo. Não tinha nem mala, apenas seu smoking surrado e sua corneta velha.

O que Oliver e Armstrong fizeram juntos foi obra de dois gênios. Louis conhecia muito bem as técnicas de Oliver e como o grande fã que era, já previa tudo que ele estava para fazer, podendo assim complementar em perfeita sincronia o seu som em absoluto improviso formando quase que um dueto.

Em 1923, a dupla viajou para Nova York e assim Armstrong gravou seu primeiro álbum chamado de “Chimes Blues”, um grande marco na história do Jazz.

Louis ficou no grupo por 2 anos como segundo cornetista, quando decidiu que queria um lugar de mais destaque como primeiro.

Por isso aceitou a oferta de Fletcher Henderson, e foi para Nova York tocar com seu grupo.

Seus solos elevaram a banda de uma maneira inexplicável. E foi nesse momento que o mundo recebeu uma aula de Jazz e aprendeu o que era o verdadeiro swing.

O swing se baseava em tirar a nota certa na hora certa e o tempo de Armstrong era impecável. Seus solos tinham poucas notas, mas de uma precisão que não poderia ser superada.

Em 1925 ele já era a atração da banda.

Começou a ter algumas diferenças com os seus companheiros de banda. Reclamava que eles bebiam muito, e alguns chegavam atrasados, ou nem sequer davam o ar da graça. Isso provocou uma grande antipatia já que o trompetista levava a música muito a sério.

Chegou a conclusão então, que o grupo não permitia a ele explorar todo seu potencial e resolveu deixar a banda e voltar para Chicago.

Lá, apresentou uma novidade em seu disco “Heebie Jeebies” em que cantava e improvisava sons com a sua voz.

Na verdade, Armstrong conta que quando estava gravando no estúdio, a partitura caiu. O presidente da gravadora estava lá e o mandou continuar, então ele começou a imitar os instrumentos com a voz. Isso ficou conhecido como “scat singing”.

Vamos começar na semana que vem, com o primeiro músico branco a ser respeitado, merecidamente, a tocar Jazz: Bix Beiderbecke, voltaremos um pouco para falar de Duke Ellington e avançaremos pela história trazendo uma lista de grandes nomes do Jazz.

Música, música e música.