Quando você tem um deficiência física, você basicamente perde a sua identidade própria e vira mais um cego, surdo ou mudo aos olhos da sociedade. O sentimento de dó causa exclusão, e sem dúvidas esse é o pior sentimento que um ser humano pode sentir pelo outro. Principalmente porque essas pessoas passam a desenvolver algumas outras habilidades para suprir suas dificuldades, deveríamos respeitá-las e aprender com elas.

Enquanto vendemos milhares de biografias de celebridades por ano que não são inspirações para ninguém (ou não deveriam ser), Jarron “Blind Boy” Paxton descobre a perda praticamente total de sua visão aos 18 anos. A partir disso, ele começa a não só ouvir a música, mas a sentir cada nota em seu corpo em uma viagem no tempo, descobrindo um estilo musical que carrega os primórdios da cultura negra americana.

Seja com seu banjo, harmônica, piano ou gaita, Jarron nos imerge na atmosfera acolhedora de 1840, trazendo uma rica essência, tão inacreditável que torna plausível dizer ter vindo de vidas passadas. Renascendo o que já foi esquecido pela maioria dos americanos e mostrando ao pop cheio de auto-tune que o mundo se acostumou a ouvir a música em seu modo de viver.

Um artista que não se diz retrógrado, mas que produz música de qualidade, e cativantemente deliciosa. A família e a tradição entraram na grande bagagem que trouxe Jarron até o The Great Big Story, o cara que ressignifica todos os dias a música negra.

A simplicidade dele é o que mais choca, mostrando que poderia ser qualquer uma das pessoas que cruzam o nosso dia a dia nas ruas e metrôs lotados. Talvez a mídia seja o grande problema dessa geração, que se inspira em pessoas socialmente aceitas como boas, ou talvez seja a solução, para levar olhos curiosos a encontrar essas pessoas que até então permaneceriam desconhecidas para o mundo.

eu causei desgosto pro enem, mas to aqui.