Sinapse por Drika Rodrigues, 4 de junho de 2009
Agradecimentos especiais à Hanna pela aula e para Fla pelo vídeo
Talvez você conheça um hipster e não sabe. Pode ser um amigo seu, ser amigo de um amigo, um conhecido. Principalmente se ele for londrino ou nova-iorquino. Mas, okay, vou especificar melhor: sabe aquela pessoa que “se veste estranho”? Não estou falando do seu amigo brega! Mas daquela pessoa que muita gente chama (confunde) de “alternativa”. Digo “estranho” como algo que você nunca viu, seja uma peça de roupa ou uma combinação diferente de visual. É muito provável que o que está na moda hoje já tenha sido bastante usado por Hipsters há, pelo menos, uns 2 anos.
Os Hipsters são os “iniciadores de tendências”. Geralmente jovens, são pessoas “normais” (o que é normal? errrr), que fazem faculdade, trabalham, convivem tranquilamente com outras pessoas, mas que geralmente são da alta classe social. Ta, não sejamos míopes: é possível um Hipster que não tenha grana. Este geralmente compra suas roupas em brechos e precisa ter mais criatividade para combinações exóticas com o que tiver na mão, mas jamais bregas! Um Hipster não é brega e nem cafona, ele se veste bem, com roupas de boa qualidade, mas com uma combinação incomum, diferente e que não está na moda hoje, mas isso pode vir a ser moda futuramente (2 ou 3 anos mais tarde). São formadores de opinião, criadores de tendências para moda, música e para festas e baladas. São sempre os primeiros, tanto para iniciar algo quanto para descartar esta idéia assim que ela vira de fato modinha, ou seja, quando nós (pobres mortais) achamos que estamos abafando porque descobrimos que casaco de motoqueiro voltou à estar na moda e começamos a usar primeiro que todo mundo da faculdade (uhu!). Sim, estão sempre um passo à frente: fizeram isso com os bones Van Dutch, a volta do modelo anos 80 do Ray Ban (aquele que o Tom Cruise usou em Risky Business), o lenço keffieh e o chapéu estilo mafioso. O nome “hipster”, inclusive, vem de hip, que significa moderno, inusitado, inovador.
Eles consomem tanto roupas de grifes, como D&G ou Diesel, quanto roupas “sem marca”. O que importa para os Hipsters é a qualidade da roupa e não vestir uma combinação que todo mundo veste. O jeitão é parecido com o dos anos 70 ou 80, mais clássico e misturando diferentes estilos, como o vintage com rockeiro. Gostam de exclusividade e, por isso, é muito comum o Hipster mandar fazer sua própria roupa com estilistas ou costureiros. Geralmente é ele mesmo quem desenha a roupa e manda produzir, uma boa dica para marcas que podem fazer uma produção mais exclusiva, não acha? Como o Nike ID faz, imagina poder desenhar a roupa que você quer e receber ela em sua casa com a etiqueta da sua grife favorita? Se isso existir, enquanto ainda for desconhecido, o Hipster iria amar! A Ellus Limited está quase (BEM quase) lá, vendendo peças únicas de desfiles para quem quiser (puder $$$) essa exclusividade. Alguns Hipsters, inclusive, gostam das doideras da grife American Apparel, que possui uma filial na rua Oscar Freire, em São Paulo.
Okay, não só de inventar moda vive um Hipster. Sim! Eles gostam de festa! E festas particulares, underground, exclusivas. Festas pouco badaladas e que pouca gente conhece, mas que são muito boas. Com música de extrema qualidade, geralmente eletrônica. Mas eles curtem também folk music, indie e rock (contanto que você não conheça, claro). Pode apostar que eles conheceram baladas como a Royal, Disco, Pink Elephant, antes mesmo de você sonhar que existiam! E tenha absoluta certeza de que eles estão atualmente curtindo a night em lugares que você nem imagina.
Um dos lemas dos Hipsters é “I don’t care”. Não se importam com nada, com sexualidade, comportamento, gostos, modas, manias, nada. Justo, uma vez que qualquer tipo de preconceito é uma atitude de massa, huh? Querem mesmo é deixar a criatividade fluir, não ligam para o que você pensa deles (eles também não julgam você!) ou muito menos para regrinhas da sociedade do tipo como se vestir, como deven agir ou como devem ser, o que vale é ser diferente da massa. Refletindo mais exageradamente, seriam os Hipsters um jeito mais anarquista de adéptos à Ken Robinson?
O típico Hipster está procurando por novidades. Anda por ai de bike, metro, carro, mas sempre à procura por novas experiências, tanto na moda quanto no cinema, música, entreterimento, culinária. É aquele que, ao invés de comer comida japonesa, procura por comida vietnamita. Ao invés de assistir o filme do Wolverine, ele assiste à amostras de filmes independentes da Romênia. O Hipster evita ao máximo, como eu já disse (presta atenção!!!), o consumo de bens de massa. Empresas de turismo que oferecem experiências novas e diferentes são um prato cheio para os Hipsters. Já ouviu falar daquela excursão “passe um dia na favela da Rocinha”? Não importa onde, quando ou como. Se isso for proporcionar uma experiência nova e diferente para o Hipster, ele vai pagar por isso.
Em suma, um verdadeiro Hipster não gosta de Hipsters e muito menos de ser chamado de Hipster. Em contrapartida, publicitários e caçadores de tendências (uhu! go team go!) adoram os Hipsters, considerando-os um grupo de consumo (vulgo nicho de mercado) com uma enorme sede (meio instável, mas ta valendo) pelo novo e com a capacidade de criar modas e tendências. Moral da história? Se você é do ramo (publicitário, caçador de tendência, marketeiro e derivados, ou simplesmente curte estar antenado nas novidades) e tem um amigo Hipster, eu aconselho: cola nele! Ele vai sempre te deixar um passo à frente e isso hoje em dia é um tremendo diferencial no mercado.
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