O esporte imita a arte.


Há algumas décadas, o voleibol japonês era uma potência internacional a ser respeitada dentro e fora das quadras. Porém, assim como o Karasuno, a seleção japonesa perdeu sua capacidade de alçar vôos maiores, tornando-se os corvos sem asa da vida real.

“Pequeno Gigante”, jogador destaque dos tempos de glória do Karasuno.

Desde o momento em que o voleibol entrou como modalidade no circuito olímpico, os japoneses se destacaram, estreando com medalha de bronze (1964) e conseguindo alcançar a prata (1968) na edição seguinte. Porém, foi em 1972 que a seleção japonesa conseguiu se superar, conquistando a medalha de ouro pela primeira vez e subindo no pódio pela última.

Em Haikyuu não vemos uma história muito diferente. Karasuno, uma escola conhecida por ter tido uma geração vencedora e ter sido potência no vôlei nacional, passou a ser conhecida como os “rivais em desgraça” desde que os veteranos saíram. A relação entre o esporte da vida real e a arte do mangá começa por aí.

 “Têm muitas pessoas que não estavam interessadas na V.League ou até em voleibol, mas passaram a jogar e assistir depois de lerem o mangá ou verem o anime.”

– Yamauchi Akihiro, jogador da seleção japonesa
Jogadores da seleção japonesa de vôlei com uniformes de Haikyuu.

Nove anos após o lançamento de Haikyuu, houve um aumento considerável no interesse do público por vôlei e, coincidência ou não, os resultados competitivos também começaram a surgir. 

De 1996 até agora, os japoneses tinham se classificado para os jogos olímpicos apenas uma vez (2008), ficando em uma das piores colocações naquela edição. A retomada começou mesmo faz dois anos.

Seu estilo de jogo nas Olimpíadas de Tóquio foi reconhecido pelo público como um dos mais bonitos da competição, mesmo caindo para o Brasil nas quartas de final. Atualmente, o Japão colhe uma de suas melhores safras do voleibol e o desempenho nos últimos jogos olímpicos reiterou que a quarta colocação na Copa do Mundo de 2019 não foi apenas sorte. O Japão está voltando à elite do esporte.

Destaques da seleção japonesa, Ran Takahashi e Yuji Nishida tinham 12 e 14 anos quando começaram a acompanhar Haikyuu. Como vários outros jogadores da seleção e da V.League, eles falam constantemente em entrevistas que foram influenciados pela obra de Furudate.

“Quando a gente joga e o vídeo vai pro YouTube, somos sempre comparados com personagens de Haikyuu e eu acho que isso é bom pra gente e pro mundo do vôlei como um todo. A influência do mangá é imensa.”

– Yuji Nishida

Enquanto o esporte inspirou a arte, a arte deu a sua resposta levando novas gerações a conhecer o voleibol. No conjunto da obra, Haikyuu teve o seu papel de destaque na volta do vôlei em alto nível no Japão e cabe, agora, ao cenário profissional japonês corresponder às expectativas da torcida.

“Haikyuu fez muita gente conhecer o vôlei e eu torço para que essas pessoas fiquem ainda mais interessadas no esporte depois de nos assistirem jogando.

Precisamos dar o nosso melhor para isso acontecer, basicamente.”

– Yanagida Masahiro, jogador da seleção japonesa

Haikyuu levantou a bola para os jogadores japoneses cortarem.

Lema do Karasuno

Voe!

Esqueça o passado e voe para o futuro.

Contando algumas histórias nas minhas próprias contradições.