O ano de 2022 começou de maneira mais que especial para os fãs de Harry Potter.

Em comemoração aos 20 anos do lançamento de “Harry Potter e a Pedra Filosofal”, “De Volta a Hogwarts” nos emociona ao relembrar com tanto carinho a saga que marcou gerações.

O especial foi dividido em quatro capítulos e contém trechos dos livros, cenas de bastidores e, como principais entrevistadores, Daniel Radcliffe e Emma Watson, nossos eternos Harry Potter e Hermione Granger

Tudo isso resulta em uma experiência mágica e nostálgica. Principalmente porque conseguimos sentir o carinho que os atores e diretores partilham entre si, nos dando aquela sensação de estar em família.

Contudo, é impossível deixar passar batido a participação da J. K. Rowling, ou melhor, a não-participação. A autora já não apresenta tantas falas e as poucas que tem são de um documentário de 2019. Ela chegou a ser convidada, mas por orientação da equipe, recusou o convite.

Não há dúvidas de que isso aconteceu por conta de seu cancelamento devido a posicionamentos transfóbicos nas redes sociais. 

Pipo Paiva on Twitter: "A Jk Rowling é a prova viva que devemos saber  separar a obra do autor pq eu q não vou cancelar Harry Potter por causa  dessa doida https://t.co/NljyPlrZ1s" /
No tuíte a cima, J.K. Rowling quis dizer que apenas mulheres menstruam, desvalorizando a realidade de homens trans e de mulheres que não menstruam

Ter Harry Potter ligado a tantas polêmicas é de uma enorme tristeza para os fãs da saga, pois ensinou para tantos sobre amor, amizade, aceitação e a própria autora se virar contra isso é de partir o coração.

Eu entendo ser fã da saga – até porque eu também sou -, mas precisamos entender que há pontos bem mais relevantes em jogo.

E não, não dá para separar a obra da autora.

Um fato que deixa isso mais explícito é o constrangimento de ter algum produto de Harry Potter associado ao nome da J. K

O marketing da saga sempre tenta, de algum modo, driblar o nome da autora. Por exemplo: o jogo que está para sair, Hogwarts Legacy, está assinado no nome de Wizarding World, o marketing que assina a maioria dos produtos comercializáveis de Harry Potter.

O universo inventado por J. K é um lugar onde as pessoas lutam contra o autoritarismo, o preconceito, mas ela própria não conseguiu compreender o impacto que sua criação teve na vida das pessoas. Passou anos escrevendo sobre opressões, mas parece que não aprendeu nada com sua própria obra. Se tivesse compreendido, entenderia como Harry Potter mudou diversas vidas ao ensinar sobre amor.

A pergunta que paira no ar é: como lidar com a saga?

Fácil, não consuma mais nada que possa render algo a J. K. Rowling. Não compre mais itens da saga, nem novas versões dos livros. Sim, eu sei, ela já está rica o suficiente e fazer isso não vai mudar nada na vida dela. Mas o ponto aqui não é ela

Vidas trans são mais importantes que Harry Potter! Essa luta, te envolvendo ou não, é mais importante que essa saga.

Artigo | Por que a fala de J.K. Rowling sobre menstruação é transfóbica -  Ponte Jornalismo